Título: Indicação de diretor do Dnit causa polêmica
Autor:
Fonte: O Globo, 28/04/2007, O País, p. 10

Luiz Antônio Pagot omitiu que trabalhou em empresa privada e como funcionário do Senado.

BRASÍLIA. A suspeição contra o futuro diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, levantada ontem por informações divulgadas pelo jornalista Ricardo Noblat, em seu blog no Globo Online, não alterou a disposição do governo de indicá-lo para a função. A Casa Civil negou que haja qualquer impedimento para que assuma e que a ficha dele está limpa.

Segundo Noblat, Pagot trabalhou, ao mesmo tempo, como funcionário do Senado (de 1995 a 2002) e diretor-superintendente da Hermasa Navegação da Amazônia, empresa privada com sede em Itacoatiara, a 240 quilômetros de Manaus. E omitiu essa informação no currículo que acompanha a mensagem, ao Senado, de sua indicação para o Dnit.

Casa Civil diz que ele não responde a processos

Por meio da assessoria de imprensa, a Casa Civil informou que na pesquisa feita sobre a situação atual de Pagot não há nada que o impeça de assumir o cargo. A pesquisa é feita com base no CPF do indicado e faz buscas sobretudo para verificar se o futuro ocupante de uma função pública responde por algum processo na Justiça. No caso de Pagot, segundo a assessoria, a pesquisa resultou negativa.

Procurado pelo GLOBO, Pagot disse que a informação não constou no currículo por não considerá-la relevante. Ele disse que omitiu outras ocupações, como ter sido vice-presidente da Confederação Brasileira das Associações Comerciais:

- Fiz um currículo extremamente simples, porque esse foi o pedido de Brasília, e omiti vários outros cargos que ocupei.

Ele admitiu ter, simultaneamente, assessorado o senador Jonas Pinheiro (MT) e dirigido a Hermasa. Mas disse que, em 1995, o Senado foi consultado e não impôs obstáculos. Disse ainda que sempre declarou as duas fontes de pagamento ao Imposto de Renda. Segundo ele, a assessoria não implicava a presença física diária em Brasília. Ele fazia contato com prefeitos e empresários:

- Nunca me considerei funcionário fantasma, mas sim um grande colaborador do senador.

Pagot disse estar tranqüilo e acreditar que as denúncias sejam obra de pessoas preocupadas com sua ida para o Dnit:

- Sou um trabalhador obstinado, sou honesto.

O Ministério dos Transportes não comentou a denúncia. O articulador político do governo, ministro Walfrido dos Mares Guia, não foi localizado.