Título: Legislativo: sem pressa de investigar policiais
Autor: Rocha, Carla
Fonte: O Globo, 28/04/2007, Rio, p. 14

A MÁFIA OFICIAL: Câmara e Alerj ainda não abriram processos para apurar conduta de Marina Maggessi e Álvaro Lins.

Presidente da Assembléia pede mais informações à PF e, em Brasília, corregedor-geral colhe "informações informalmente".

Numa outra ponta das investigações sobre a máfia do jogo, envolvendo a exploração de máquinas caça-níqueis, as denúncias mais graves ainda não estão sendo apuradas pelo Legislativo. A Câmara de Deputados e a Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) não abriram até agora processos para investigar, respectivamente, a conduta da deputada federal Marina Maggessi (PPS), inspetora licenciada, e do deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), ex-chefe de Polícia Civil. Grampos da Operação Gladiador levantaram indícios de que os dois poderiam estar envolvidos com policiais que dão proteção às quadrilhas de caça-níqueis.

Por enquanto, Álvaro e Marina só respondem a sindicâncias na polícia. Conforme O GLOBO revelou no dia 12 deste mês, as escutas confirmariam a ligação de Álvaro com o grupo de policiais conhecidos como "inhos", investigados por prestarem serviço à máfia dos caça-níqueis. O ex-chefe de Polícia também aparece em conversas telefônicas recebendo da então procuradora do estado, Mônica Di Piero, atualmente desembargadora, informações privilegiadas sobre inquéritos envolvendo o grupo.

Em reportagem publicada no dia seguinte, o jornal mostrou trechos da escuta em que a inspetora licenciada Marina Maggessi conversa com o policial Hélio Machado da Conceição, o Helinho, um dos "inhos", na qual sugere que ele dê "um monte de tiros nos cornos" do delegado Alexandre Neto. Lotado na Divisão Anti-Seqüestro (DAS), Neto é apontado como o responsável pela elaboração de um dossiê sobre as atividades ilegais de Lins e seu grupo.

O presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), pediu à Procuradoria da Casa que solicite mais informações à Polícia Federal, mas até agora não há novidades sobre o caso. Além disso, o PMDB deverá ter a maioria do Conselho de Ética da Alerj, que ainda não foi formado, o que favorecerá Lins.

Em Brasília, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), pediu ao corregedor-geral, Inocêncio Oliveira (PR), que investigasse as denúncias, mas, por enquanto, o deputado, segundo sua assessoria, está "colhendo informações informalmente".