Título: Remédios com preço antigo
Autor: Ribeiro, Fasbiana
Fonte: O Globo, 28/04/2007, Economia, p. 23

Nova tabela ainda não chegou a todas as farmácias do Rio. Diferenças chegam a 150%.

Oreajuste de medicamentos autorizado pelo governo desde o fim de março ainda não chegou a todas as farmácias do Rio. Uma demora que beneficia o bolso do consumidor: o preço de um mesmo remédio pode variar até 150% entre as drogarias, considerando o preço máximo permitido pelo governo e o menor preço encontrado nas drogarias. Mas, avisam os lojistas, a atualização dos preços pode acontecer a qualquer momento. É o que mostra levantamento feito pelo GLOBO em 17 farmácias com nove medicamentos.

¿ Tem laboratório que não alterou preços em abril e, por isso, as farmácias também mantiveram os valores. É bom ficar atento. A farmácia que ainda não mudou seus preços pode fazer alteração amanhã ¿ disse Pedro Zidói, presidente da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma).

Descontos em 200 apresentações

O antiinflamatório Scaflan (100mg) custa R$22,50 na Citifarma, da Tijuca. Com desconto chega a R$20. Uma diferença de 150%, quando comparado com o preço da Pop do Maracanã: R$9. Já a Novalgina (20ml) custa R$8,89 na Farmalife ¿ 21,3% a menos do que o maior preço encontrado no mercado. E o antialérgico Polaramine (6mg) vale R$11,11 na Drogasmil e R$8,33 na Pacheco.

¿ Já atualizamos os preços de todos os medicamentos. Sem descontos, a diferença é, em média, de 2%. Mas é preciso ficar atento às promoções ¿ disse Ricardo Scaroni, diretor da Drogasmil.

A Farmalife ainda não alterou os preços de todos os medicamentos. É possível encontrar, por exemplo, o anticoncepcional Diane 35 por R$12,24 (26,9% abaixo do maior preço encontrado).

¿ Há fornecedores que ainda não estão adotando a nova tabela e, por isso, conseguimos segurar alguns preços. Alguns medicamentos não foram reajustados até por questão operacional e de estoques. Mesmo nos preços reajustados, os descontos sobre os preços fixados pelo governo continuam os mesmos ¿ disse Roberto Felizardo, da Farmalife.

Segundo levantamento da Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), cerca de 200 apresentações de medicamentos mantiveram preços promocionais abaixo dos valores máximos ao consumidor autorizados pelo governo, mas reduziram os descontos parcialmente. A entidade esclarece ainda que a entrada das novas tabelas não implica necessariamente uma remarcação automática: ¿as novas tabelas oferecem referências de preços máximos¿.

A consumidora Regina Monteiro, de 61 anos, gasta mais de R$200 por mês na farmácia. São remédios para, por exemplo, pressão alta e colesterol. E conta que já sentiu as variações nos preços:

¿ Compro, a cada mês, quatro ou cinco remédios. Faço pesquisas e peço descontos. Ainda assim os remédios pesam no meu orçamento.

A secretária Glória Fidalgo teve mais sorte. Na ida à farmácia no início do mês, não encontrou alta de preços para sua lista.

¿ Paguei o mesmo. Agora, é esperar as próximas compras.

Nessa fase de transição, os consumidores podem obter descontos, além do que já se oferece sobre o preço de tabela. Na Riviera, em Copacabana, o reajuste chegou a itens como Lexotan (6mg), por R$21,33, e Plaquinol (400mg) por R$74,16. Se o consumidor pedir, tem desconto de 15% no pagamento à vista. A Descontão, no Leblon, abre espaço para negociação. O Tylenol (60ml) cai de R$10,65 para R$9,50, por exemplo.