Título: Criação do Banco do Sul depende do fim de divergências políticas, diz Lula
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 28/04/2007, Economia, p. 28

Avançam as negociações sobre as refinarias da Petrobras na Bolívia.

BUENOS AIRES, SANTIAGO e SÃO PAULO. O presidente Lula afirmou que, para criar o Banco do Sul - proposta de Hugo Chávez (Venezuela), encampada por Néstor Kirchner (Argentina) - os países da América do Sul devem afinar o discurso. Para Lula, que se reuniu com o argentino por cinco horas, é preciso definir a finalidade do banco e a participação dos países.

- É um banco de financiamento? É um banco para o desenvolvimento da região? Qual a participação de cada país? De que forma vamos participar? Para se criar um banco, é preciso que se tenha muita estabilidade na idéia, é preciso que seja uma instituição financeira de muita credibilidade, e, para isso, é preciso resolver toda e qualquer divergência política que exista sobre um banco - disse Lula.

Todas essas questões, segundo ele, serão discutidas pelos ministros de Economia dos países sul-americanos no dia 3, em Quito (Equador). Lula negou ser contra a idéia porque o Brasil já tem o BNDES. Para o presidente, o país pode contribuir:

- Acredito que todos nós queremos criar mecanismos de financiamento para os países da América do Sul. Agora, não tem ninguém dentro. Depois da reunião do Equador, se o ministro da Fazenda decidir que o banco tem alguma finalidade, para o Brasil não tem problema participar.

Lula, sobre Morales: "Vamos esperar para ver"

No encontro com Kirchner, um dos temas principais foi a questão energética. No próximo dia 15, haverá uma reunião com o objetivo de propor soluções para que os dois países sejam independentes nesse setor.

O presidente evitou comentar eventuais decisões negativas para o Brasil do presidente da Bolívia, Evo Morales, que poderiam ser anunciadas em 1º de maio, quando a nacionalização de petróleo e gás natural naquele país faz um ano:

- Primeiro, não sei se (ele) vai fazer. Segundo, vamos esperar para ver o que acontece.

O governo da Bolívia anunciou ontem que intensificou as negociações com a Petrobras para recomprar suas duas refinarias no país. A retomada das refinarias é um dos objetivos do decreto de nacionalização.

- Estamos negociando, não somente ontem, mas faz muitos dias - disse o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.

Ele se recusou a comentar rumores de que Morales anunciará a compra das refinarias no dia 1º. Em São Paulo, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que não há um prazo para finalizar a negociações, que "têm avançado".

Gabrielli não confirmou valores do negócio. Segundo a mídia boliviana, o país teria oferecido US$70 milhões, menos da metade dos US$160 milhões pedidos pela Petrobras.

(*) Com agências internacionais