Título: Putin diz que vai conter escudo antimísseis
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Fonte: O Globo, 28/04/2007, O Mundo, p. 32

Presidente afirma que sistema defensivo dos EUA aumenta risco de `destruição mútua¿ e se destina a monitorar Rússia.

MOSCOU. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou ontem a criticar os planos dos Estados Unidos para a construção de um escudo antimísseis, advertindo que a medida aumenta o risco de destruição mútua. Putin disse ainda que tomará ¿medidas apropriadas¿ para conter o sistema. A declaração foi feita um dia após ele declarar a moratória a um tratado que limita armas na Europa, e eleva mais um grau nas tensões entre Moscou e Washington.

O uso do termo ¿destruição mútua¿ remete aos tempos da Guerra Fria, quando estrategistas na Rússia e nos EUA contavam com essa tese para evitar uma guerra nuclear.

¿ O risco de causar danos mútuos e mesmo a destruição aumenta muitas vezes. Isso não é apenas um sistema de defesa, é parte do sistema de armas nucleares dos EUA ¿ disse Putin, após encontro com o presidente da República Tcheca, Vaclav Klaus, no Kremlin.

Rússia começa a discutir tratado em maio com Otan

Como parte de seu novo programa de defesa antimísseis, os EUA querem instalar dez interceptadores na Polônia e um radar na República Tcheca. Washington diz que o sistema é necessário para defender a Europa e as forças americanas na região contra países como Irã e Coréia do Norte.

Mas Putin disse a Klaus que o sistema seria usado para rastrear atividades militares russas.

¿ Esse sistema vai monitorar o território russo até os montes Urais se não apresentarmos uma resposta. E vamos fazer isso. Qualquer um faria. Só vamos tomar as medidas apropriadas ¿ disse ele, sem dar detalhes.

Na entrevista conjunta, o presidente russo comparou o plano do escudo com a instalação dos mísseis americanos Pershing-2 na Europa Ocidental nos anos 80, caso que deflagrou uma grande crise diplomática.

Putin anunciara na véspera que a Rússia está congelando seus compromissos sob o tratado das Forças Convencionais na Europa (CFE), assinado no fim da Guerra Fria para manter o equilíbrio estratégico regional. Ontem, o Ministério da Defesa russo disse que começa a discutir em maio com a Otan o CFE.

Washington, no entanto, minimizou ontem as divergências.

¿ Acredito que este seja um assunto que pode ser solucionado sem grandes problemas ou conflitos ¿ disse Tom Casey, porta-voz do Departamento de Estado.