Título: Barulho e calor desconcentram os estudantes
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 29/04/2007, O País, p. 11

Professores têm que se esforçar para serem ouvidos.

FORTALEZA. Apesar da vizinhança macabra, não é a funerária que mais incomoda alunos e professores da escola do ensino médio em Barroquinha. O galpão, onde funcionou um comércio que faliu, é tudo o que não deveria ser uma sala de aula. O calor é insuportável. Muitas vezes a água potável, em garrafões de água mineral ou em garrafas térmicas, acaba antes do fim do turno.

As grandes portas de metal do antigo comércio tornam o ambiente ainda mais quente. Quando permanecem abertas, o ruído atrapalha ainda mais a concentração. Ela fica numa área de grande movimento de veículos e próximo a um posto de gasolina. O cheiro de combustível incomoda e o barulho exige que os professores se esforcem para falar mais alto.

- Dar aulas lá é complicado - disse o professor Raimundo Alves de Araújo. - De vez em quando, tenho que parar porque passa um caminhão ou uma moto.

Segundo o professor, é difícil prender a atenção dos alunos nessas condições:

- Não posso proibir alguém de querer sair para beber água. Não sou doido.

Apenas um banheiro para homens e mulheres

Para transformar o galpão em escola, foi necessário instalar divisórias que separam as salas de aula. Sem acústica, o som vaza e uma turma escuta as explicações dadas na classe ao lado. Nessas condições, estão estudando quase 800 alunos, totalizando 12 turmas, distribuídas nos turnos da manhã, da tarde e da noite. No local existe apenas um banheiro para homens e mulheres.

A Secretaria de Educação do estado (Seduc) informou que a construção da nova sede deve ficar concluída até o início do segundo semestre. Segundo a assessoria, o galpão onde estão funcionando as turmas do ensino médio foi adaptado para que não houvesse prejuízo para os alunos. Disse ainda que não foi escolhido outro local por falta de opção de locação no município.