Título: Sanguessugas permanecem na vida pública
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 29/04/2007, O País, p. 13

Dos 69 ex-deputados atingidos por denúncias, 5 se reelegeram e vários atuam no Congresso e nos ministérios.

BRASÍLIA. O escândalo dos sanguessugas faz um ano na próxima semana, dia 4 de maio, mas, para boa parte dos 69 ex-deputados atingidos pelas denúncias de negociação de recursos para a compra de ambulâncias superfaturadas em troca de comissões, o tempo não parece ter passado. Pelo menos 23 deles, mesmo sem mandato, estão na vida pública e atuam a todo vapor, seja no círculo político-partidário ou nos corredores do Congresso e dos ministérios em Brasília.

Apesar de apenas cinco deputados terem sido reeleitos, 13 ex-parlamentares citados pela CPI dos Sanguessugas presidem os diretórios de seus partidos nos estados. Pelo menos outros sete ex-parlamentares citados pela CPI, mesmo sem mandato, estão sempre em Brasília e até ajudam na liberação de recursos para suas regiões.

Dos 44 sanguessugas que disputaram a eleição ano passado, embora a maioria não tenha sido reeleita, sete podem voltar ao Congresso. Eles ocupam a primeira suplência de suas coligações e têm chances de assumir o mandato na Câmara em 2008, quando ocorrerão eleições municipais. Se algum deles vier a assumir, estará livre do risco de ter o processo reaberto na Câmara.

Acusações da legislatura passada não têm valor

Eles terão direito a esse privilégio, caso voltem para a Câmara, porque na semana passada o Conselho de Ética aprovou a tese de que acusações ocorridas em legislaturas passadas não têm valor. Venceu o ponto de vista de que os acusados já foram julgados pelas urnas.

-------------------------------------------------------------------------------- A vida política segue sem maiores transtornos para a maioria dos deputados e ex-deputados federais que foram acusados de desvio de verbas públicas, no escândalo dos sanguessugas.

Entre os deputados não reeleitos, 13 presidem diretórios estaduais de seus partidos. São eles:

Agnaldo Muniz (PP-RO)

Benedito Dias (PP-AP)

Coronel Alves (PR- AP)

Eduardo Seabra (PTB-AP)

Enivaldo Ribeiro (PP-PB)

Heleno Silva (PR-SE)

João Caldas (PR-AL)

Jonival Júnior (PTB-BA)

Jorge Pinheiro (PR-DF)

Júnior Betão (PR-AC)

Nilton Capixaba (PTB-RO)

Paulo Gouvêa (PR-RN)

Raimundo Santos (PR-PA)

Sete são primeiros suplentes nas suas coligações e podem assumir o mandato:

Agnaldo Muniz (PP-RO)

Edir Oliveira (PTB-RS)

Enivaldo Ribeiro (PP-PB)

Érico Ribeiro (PP-RS)

João Grandão (PT-MS)

Júnior Betão (PR-AC)

Raimundo Santos (PR-PA)

Cinco envolvidos foram reeleitos:

João Magalhães (PMDB-MG)

Marcondes Gadelha (PSB-PB)

Pedro Henry (PP-MT)

Wellington Fagundes (PR-MT)

Wellington Roberto (PR-PB)