Título: Investimentos externos podem alcançar US$100 bi em dez anos
Autor: Melo, Liana e Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 29/04/2007, Economia, p. 30

Produção deve crescer para 21 bilhões de litros este ano, acima do consumo.

O interesse pelo etanol brasileiro é traduzido na promessa de cifrões de americanos, ingleses, italianos, dinamarqueses e japoneses para investir no aumento da produção do combustível, que deve alcançar este ano 21 bilhões de litros, volume superior aos 19,3 bilhões destinados ao consumo interno. Os investimentos externos podem chegar a US$100 bilhões nos próximos dez anos.

O périplo às usinas de cana-de-açúcar começou com a visita do presidente dos EUA, George W. Bush, ao país, em abril. Desde então, o etanol não saiu mais da berlinda. O irmão do presidente americano e co-presidente da Comissão Internacional do Etanol (CIE), Jeb Bush, também esteve no Brasil e anunciou, durante sua visita, que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) está de olho no etanol brasileiro e vai financiar projetos por aqui. Já foi confirmado um desembolso de US$570 milhões.

BM&F vai lançar contrato futuro de etanol

Até a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) está se preparando para lançar um novo contrato futuro de etanol, atualmente em processo de aprovação pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

- O mundo está de olho no etanol brasileiro - comemora Carlos Gastaldoni, assessor da Presidência do BNDES na gestão de Demian Fiocca, que passa o cargo esta semana para Luciano Coutinho.

Segundo Gastaldoni, os recursos do banco para o etanol somam R$7 bilhões. É um montante que inclui investimentos já aprovados e também aqueles que ainda estão na fila para serem atendidos.

A estratégia do BNDES inclui a participação do banco financiando 70% do projeto ou entrando como sócio no negócio, com uma participação de 30% no capital do novo empreendimento. E mais: o governo está disposto a alocar recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para financiar essa indústria, através de investimentos na produção de bioenergia, logística e instalação de novas refinarias. Hoje, o país conta com 350 usinas de cana-de-açúcar. A meta do governo é instalar entre 80 e cem novas usinas.

Ao longo da história brasileira, os usineiros, que experimentaram raro período de exuberância econômica no século XVII com o ciclo da cana-de-açúcar, durante anos foram identificados como bandidos. Recentemente, foram reabilitados. O presidente Lula preferiu amenizar a fama de mau dos empresários do campo.

- Os usineiros, que até dez anos atrás eram tidos como bandidos do agronegócio deste país, estão virando heróis nacionais e mundiais - disse Lula, em 20 de março.

Mas este ano não será ainda o momento de faturamento maior para os usineiros. Segundo o sócio-diretor da MB Agro, José Carlos Hausknecht, os EUA não serão o mercado comprador, como no ano passado.

- O preço internacional do álcool deve baixar, assim como o do açúcar, com a produção maior de Tailândia, China e Índia.