Título: Primeiro de Maio tenso
Autor: Barbosa, Flávia e Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 29/04/2007, Economia, p. 31

Planalto teme reação populista de Morales.

BRASÍLIA. Dentro e fora do governo brasileiro, nos círculos domésticos e bolivianos, ninguém arrisca dizer o que acontecerá no país vizinho no dia 1º de maio, aniversário de um ano do decreto de nacionalização das reservas de gás natural e petróleo. O forte clima de tensão naquele país, incluindo a formação de milícias para combater o presidente Evo Morales e as esperadas manifestações de indígenas, camponeses e trabalhadores em geral, poderão provocar reações inesperadas e populistas do presidente boliviano.

Segundo uma graduada fonte do governo brasileiro, enquanto o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusa os EUA de serem responsáveis pelos problemas vividos pelos povos venezuelano e dos demais países latino-americanos, Morales vem apontando o Brasil como vilão. Ignora as medidas anunciadas por Lula para ajudar seu país e sinaliza que poderá se valer do novo impasse com os brasileiros para melhorar os baixíssimos índices de popularidade que vem obtendo.

- Morales já começa a se adequar às pressões, pois o Brasil reagiu e mostrou que não está disposto a aceitar tudo o que ele quer. Mas as coisas ainda são imprevisíveis - afirmou o economista Mário Marconini.

Já o cientista político boliviano Carlos Cordero disse que, em seu país, as expectativas sobre o 1º de maio giram em torno de dois pontos: o anúncio de um acordo com a Petrobras sobre as refinarias e a estatização da Entel, empresa de telecomunicações nas mãos dos italianos. Porém, Roger Hurtado, também cientista político boliviano, acredita que Morales pode optar por um contra-ataque, para agradar à sua base eleitoral. (Eliane Oliveira)