Título: Objetivo seria indicar próximo Dalai Lama
Autor: Popham, Peter
Fonte: O Globo, 29/04/2007, O Mundo, p. 43

Pequim quer, com plano, conter movimento por independência do Tibete.

PEQUIM. O seqüestro de Gedhun e sua substituição por Gyaltsen foram a forma encontrada pelas autoridades chinesas para seqüestrar de uma vez por todas o budismo tibetano, para vê-lo correndo pelos trilhos do Partido Comunista. O plano é infantilmente simples. No sistema tibetano, o Dalai Lama é o sol; o Panchen Lama, a lua.

O Dalai Lama tem 71 anos. Sua saúde é boa, mas ele não pode viver para sempre. Uma vez que tenha morrido, a principal figura do budismo tibetano será o Panchen Lama, cujo dever então será indicar o próximo Dalai Lama. Essa é a maneira como o sistema tem funcionado nos últimos três séculos. Um Panchen Lama marionete será obrigado a indicar um Dalai Lama marionete ¿ e como o atual Dalai Lama é a encarnação de todas as aspirações tibetanas por uma independência ou pelo menos por um futuro autônomo, ao colocar sua reencarnação no bolso, os chineses terão matado o movimento pela independência do Tibete. Pelo menos, assim eles esperam.

Ativista teme pela identidade tibetana

Gedhun Choekyi Nyima se tornou assim o mais jovem prisioneiro político do mundo, vítima de um processo que começara muitos anos antes, com a invasão chinesa da região, em 1959.

¿ A prisão chinesa do Panchen Lama representa não apenas um crime contra uma criança, mas contra todo o povo tibetano que vê a detenção de um de seus mais importantes líderes religiosos como uma fonte de grande sofrimento ¿ disse Matt Whitticase, da campanha Tibete Livre. ¿ É uma clara demonstração da extensão do que a China se prepara para controlar, e no fim das contas esmagar, tanto o budismo tibetano quanto a identidade tibetana.(Do Independent)