Título: CAP-UFRJ, aos 59 anos, tem metade dos docentes em dedicação exclusiva
Autor: Merola, Ediane
Fonte: O Globo, 30/04/2007, O País, p. 4

PLANO PARA O ENSINO: 70% têm mestrado, 15% são especialistas e 8%, doutores.

Direção é eleita por alunos e professores; meta é implantar horário integral.

O Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAP-UFRJ) tem 105 professores e metade do corpo docente trabalha em regime de dedicação exclusiva. Para a diretora da instituição, Celina Costa, este é o grande diferencial da instituição que, ano que vem, completará 60 anos:

- Nossos professores não ficam quicando de uma escola para outra, com sua bolsa de livros na mão. Quem tem dedicação exclusiva fica proibido de dar aula em outros colégios. Se fizessem um índice por escola, o CAP-UFRJ teria uma nota acima da média nacional.

Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado semana passada pelo Ministério da Educação, a rede de ensino federal no Brasil obteve média 6,4, numa escala de 0 a 10. O resultado é superior à média nacional das redes particular (5,9), estadual (3,9) e municipal (3,4). Para Celina, se as escolas estaduais do Rio investissem em seu corpo docente, poderiam oferecer ensino de melhor qualidade.

- Quando não está em sala de aula, nosso professor está envolvido em programas de qualificação, de pesquisa, de extensão. Eles também orientam os cerca de 400 alunos de graduação da UFRJ, que fazem complementação pedagógica no CAP - disse Celina.

Entre os professores do colégio, mais de 70% têm mestrado, 15% são especialistas e 8% são doutores ou doutorandos. Segundo a diretora, os professores da rede federal investem em sua formação, pois a categoria tem um plano de carreira. O salário varia conforme a qualificação do profissional.

- Não tenho acesso à folha de pagamento, mas sei que o menor salário é o de professor substituto, de aproximadamente R$800 - disse Celina.

Atualmente o CAP-UFRJ tem 42 professores substitutos, mas não há falta de professores. O colégio oferece turmas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) e de 1º ao 3º ano do ensino médio. Para entrar na escola, é preciso participar de sorteio para o 1º ano do fundamental ou fazer uma prova de nivelamento para conseguir vaga no 1º ano do ensino médio. Quando há vagas ociosas, o que é raro, também é feito sorteio para o 6º ano do fundamental. O sistema de sorteio foi implantado em 1998, garantindo maior diversidade no pátio da escola, que fica na Lagoa.

- Temos 740 alunos e 42% moram na Zona Sul, em Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon e Gávea. Os outros 58% moram nos mais variados bairros das zonas Norte, Oeste e na Baixada. O sorteio das vagas tornou o ingresso mais democrático.

Por causa da fama de escola tradicional, que garante bons índices de aprovação nas melhores universidades públicas, o CAP-UFRJ sempre atraiu a classe média, em busca de ensino de qualidade. Desde o 1º ano do ensino fundamental, os estudantes têm aulas de música, artes plásticas, artes cênicas, além das disciplinas básicas. Além disso, os alunos são estimulados a participar das atividades da escola, sejam elas acadêmicas ou políticas.

- A escolha da direção da escola, por exemplo, é feita por eleição direta, paritária. Alunos e professores participam - ressaltou Celina, que exalta as maravilhas da escola, mas não esconde suas dificuldades. - Não somos perfeitos. Nossa meta é implantar horário integral, mas, por falta de espaço físico, não podemos.

Com 17 salas de aula e 28 turmas, a escola divide as classes em dois períodos: alunos do 6º ano ao 3º ano do ensino médio estudam das 7h às 12h40 e, do 1º ao 5º ano, têm aula das 13h às 17h40.

- Queria ter mais tempo e espaço para atender aos alunos que precisam de reforço escolar. Já pedimos à UFRJ que nos ceda um prédio maior, estamos aguardando. Enquanto isso, temos que fazer um rodízio com os alunos que precisam dessa complementação. As dificuldades existem, mas isso não é motivo para deixarmos a qualidade cair.