Título: Irmão de ministro freqüentou escritório de Brasília por um ano
Autor: Rocha, Carla
Fonte: O Globo, 01/05/2007, Rio, p. 9

Advogado nega que Virgílio seja sócio oculto.

BRASÍLIA. O advogado Virgílio Medina, preso durante a Operação Hurricane, freqüentou durante um ano o escritório de advocacia de Brasília apontado pela Polícia Federal como sendo a sede das negociações para a compra de sentenças dadas pelo seu irmão, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina. A informação foi confirmada ontem ao GLOBO pelo advogado Eduardo Toledo, que defende o escritório. Toledo, no entanto, negou que Virgílio seja um sócio oculto da empresa, como suspeita a PF.

- Isso é uma ilação maldosa. Virgílio Medina jamais foi sócio de fato ou de direito do escritório. Quando estava em Brasília, visitava o escritório com base na amizade construída com dois dos sócios (Everardo Gueiros e Alexandre Pitta Lima) - disse Toledo.

Segundo o advogado, Virgílio esteve no local nos últimos 12 meses, fazendo uma "média de uma visita por mês". Toledo disse que, devido à amizade com os sócios do escritório, Virgílio tinha liberdade para enviar e-mails e utilizar telefones. Afirmou ainda que o irmão do ministro do STJ pode ter recebido visitas sem a presença dos sócios, mas ressaltou que elas não tiveram qualquer relação com as causas de interesse do escritório:

- O escritório tem uma sala que está disponível para profissionais que vêm de fora. Nada impede que ele tenha feito uma ligação, tomado um café ou enviado um e-mail. Mas nada disso era de interesse do escritório, razão pela qual (os sócios) não se interessavam ou participavam.

Segundo Toledo, Virgílio conheceu Gueiros e Pitta Lima no início do ano passado. Na época, Virgílio pleiteava uma vaga para o cargo de ministro do STJ que pertencia à cota da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Gueiros, de acordo com o advogado, era integrante do Conselho Federal da OAB e Pitta Lima também exercia um cargo no órgão. A disputa pela vaga acabou vencida por Maria Thereza de Assis Moura, que tomou posse, em agosto do ano passado, numa cerimônia presidida pelo ministro Paulo Medina.