Título: Urgência climática
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Fonte: O Globo, 01/05/2007, Ciência, p. 22

EUA e UE dizem que assunto é prioridade e Bush volta a criticar a China.

Estados Unidos e União Européia concordaram ontem que o aquecimento global deve ser tratado como ¿uma prioridade urgente¿. O anúncio foi feito na Casa Branca, durante um encontro entre o presidente George W. Bush; a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel; e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. Essa foi a primeira viagem de Merkel a Washington desde que a Alemanha assumiu a presidência rotativa da UE. Merkel disse que as mudanças climáticas estarão no topo da agenda da próxima reunião do G-8, em 8 de junho.

¿ Houve avanços. Concordamos que há uma ameaça global muito séria. Também estamos de acordo que é preciso reduzir as emissões. Mas achamos que devemos agir juntos ¿ disse Barroso.

Porém, Bush, que relutou em reconhecer o impacto do aquecimento global por muito tempo, salientou que um acordo entre UE e EUA terá efeito limitado se países em desenvolvimento como a China não forem incluídos. Pelo Acordo de Kioto, os países em desenvolvimento não são obrigados a reduzir emissões. A China, porém, deverá se tornar o maior poluidor do mundo até o fim deste ano.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que começou em Bangcoc, na Tailândia, a terceira reunião deste ano do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês). O tema desta vez é o combate do aquecimento global. Na sexta-feira será apresentado um relatório com medidas para diminuir as emissões de gases do efeito estufa e amenizar as conseqüências do aquecimento global. Uma versão preliminar, divulgada por agências de notícias, diz que o IPCC recomendará o investimento no desenvolvimento de tecnologias limpas e mudanças na matriz energética, com mais estudos para aperfeiçoar as energias solar, eólica, nuclear e biocombustíveis. O relatório sugere ainda o aumento do uso imediato de energias não baseadas na queima de combustíveis fósseis. Os custos de limitar as emissões de gases do efeito estufa representariam de 0,2% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2030.

O relatório do IPCC deve dizer ainda que algumas das piores conseqüências do aquecimento global poderão ser evitadas se as emissões de gases-estufa forem estabilizadas até 2030.