Título: Paulinho revela preconceito ao falar de ecologia
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 02/05/2007, O País, p. 5

Deputado do PDT diz em festa da Força que meio ambiente era coisa de homossexual.

SÃO PAULO. O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), cometeu uma gafe ao discursar ontem na festa do 1º de Maio da Força Sindical, que reuniu 800 mil pessoas na Praça Campo de Bagatelle, Zona Norte de São Paulo. Ao tentar explicar por que este ano a central trocou os ataques ao governo Lula pela defesa do meio ambiente, tema da festa, Paulinho disse:

- Meio ambiente, vamos falar a verdade, até pouco tempo atrás era coisa de veado. Quem mais defendia o meio ambiente era o pessoal ligado a esta área. Agora queremos fazer com que todos os trabalhadores preservem o meio ambiente, que não é mais uma coisa só de um grupo ou uma minoria.

A Força distribuiu 20 mil mudas de plantas, mas o povo estava interessado era no sorteio de cinco apartamentos e sete carros e nos shows de artistas populares. Diferentemente do ano passado, quando Paulinho disse que Lula estava no mundo da lua, as críticas ficaram em segundo plano. Paulinho reclamou da política econômica, cobrou a legalização das centrais e reajustes maiores para aposentados e servidores, mas afagou o presidente:

- São estas reflexões que quero deixar para os companheiros e também para o presidente Lula que, tenho certeza, vai olhar para os trabalhadores.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reclamou da falta de combatividade na festa dos trabalhadores:

- Há uma acomodação que não é só das centrais, é dos partidos também. É preciso avermelhar o 1º de maio. O 1º de maio está amarelando.

Participaram do evento o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O clima amistoso entre Força e petistas tradicionalmente alinhados à CUT ficou explícito com a presença do ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Heiguiberto Guiba Navarro, assessor da Presidência. O evento custou R$3 milhões. O dinheiro saiu dos sindicatos que integram a Força e de empresas. Entre elas, Caixa Econômica Federal e Petrobras, que pagaram R$450 mil, juntas, para ter seus logotipos e o do governo federal no palco.