Título: No 1º de Maio, CNBB critica desemprego no país
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 02/05/2007, O País, p. 5

Em "Mensagem aos trabalhadores e trabalhadoras", bispos se dizem preocupados com "a persistência" do problema.

INDAIATUBA (SP). Reunidos desde ontem em Itaici, a cerca de cem quilômetros de São Paulo, os 330 bispos brasileiros que participam da 45ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aproveitaram a comemoração do Dia do Trabalho para criticar o governo Lula pelos altos índices de desemprego no país.

Na "Mensagem aos trabalhadores e trabalhadoras", manifestam-se preocupados com "a persistência" do desemprego, do subemprego, da informalidade, do trabalho infantil, e denunciam trabalhadores em regime de escravidão, embora reconheçam que políticas públicas têm gerado a transferência de renda e a oferta de novos empregos.

Para dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana (MG), um dos mais cotados para ser eleito presidente da CNBB na eleição que deve ser realizada até amanhã, houve melhorias, mas ainda insuficientes:

- Inegável que houve melhoras. Mas ainda não é suficiente para nos exultarmos de alegria.

Dom Geraldo critica reforma agrária do governo Lula

Na mensagem divulgada ontem, a CNBB lembra que "diversos segmentos da sociedade se empenham por reformas que repercutirão na vida dos trabalhadores", e manifestam a esperança de que essas mudanças "venham significar mais segurança no trabalho, salário justo, digna aposentadoria e equitativa distribuição de riqueza e renda".

- A dívida pública do país é paga às custas do sacrifício de toda a nação, das camadas mais pobres, sobretudo dos trabalhadores - disse dom Geraldo Lyrio Rocha, que deu entrevista em nome da CNBB.

Dom Geraldo também defendeu a posição da Igreja pela reforma agrária, criticando o governo pela falta de apoio aos sem-terra assentados, que, na sua avaliação, não recebem a atenção necessária para o desenvolvimento de atividades rurais produtivas.

- A situação de muitos de nossos assentamentos é que não há condições para o desenvolvimento agrícola condizente, nem a possibilidade de escoamento da produção. Isso são condições de extrema necessidade, sem as quais o assentamento se esvazia - denunciou.

Dom Geraldo, dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida (SP), e dom Mauro Montagnoli, bispo de Ilhéus (BA), que falaram em nome da CNBB, defenderam a posição contrária da Igreja à alteração da maioridade penal. Para o arcebispo de Aparecida, o projeto aprovado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado não abrange todas as implicações que envolvem a antecipação da maioridade para delitos cometidos por menores de 18 anos.

- A antecipação da idade penal é uma questão bastante abrangente. Não basta a redução da maioridade penal. Esta não é a medida mais importante, mas sim o Estatuto da Criança e do Adolescente precisa ser cumprido em todos os aspectos. É preciso ainda maior distribuição de renda, uma justiça mais rápida, mais ágil e eficaz e também uma polícia bem treinada e mais focada - definiu dom Damasceno.