Título: PMDB pressiona por cargos no segundo escalão
Autor: Lima, Maria e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 03/05/2007, O País, p. 5

Partido ameaça nomear independentes para a comissão da Câmara

BRASÍLIA. Mesmo com cinco ministérios, a cúpula do PMDB passou o dia ontem pressionando pela nomeação de cargos do segundo escalão, antes de divulgar seus integrantes na CPI do Apagão Aéreo, que será instalada hoje pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Com direito a indicar o principal cargo, o comando do PMDB cedeu à pressão de setores da bancada e esticou a corda até o último minuto, para sinalizar que poderia escolher deputados mais independentes e não tão afinados com o Planalto.

A ameaça se deu porque o Planalto resiste em acatar indicações do partido para presidência e diretorias de Furnas, Petrobras e Banco do Brasil. O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, passou o dia tentando negociar e contornar a rebelião.

Segundo peemedebistas, a cúpula do partido trabalhava com duas listas de oito nomes para titulares e suplentes: uma governista e outra independente. Se os pleitos fossem atendidos, prevaleceria a primeira. Do contrário, a segunda, com deputados como os gaúchos Cézar Schirmer e Ibsen Pinheiro.

Estão na lista dos que podem criar problemas para o governo os insatisfeitos com a demora na nomeação de Luiz Paulo Conde para presidência de Furnas: Eduardo Cunha (RJ) e Nelson Bornier (RJ). À tarde, Mares Guia achava que havia contornado as insatisfações - o líder Henrique Eduardo Alves (RN) foi atendido com a nomeação de Elias Filho para o DNOCs.

Bancadas do Rio, Minas e Goiás insatisfeitas

Nas conversas com os negociadores do PMDB, Mares Guia argumentou que diretorias da Petrobras e de Furnas são cargos técnicos e não de preenchimento político. Sem sucesso.

- Não tem razão para ninguém estar apreensivo (por causa da demora nas nomeações). Mas também ninguém pode dar ultimato ao presidente da República! - desabafou Walfrido.

Na semana passada, dia 28, houve uma Assembléia do Conselho de Furnas para analisar nomes de confiança da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a presidência e diretorias. Houve revolta na bancada do Rio e o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), foi pessoalmente ao encontro do presidente Lula. A assembléia foi suspensa. O candidato ao cargo, Conde, foi chamado pelo ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, e convidado a participar do Conselho de Furnas. Os peemedebistas acham que é o primeiro passo para a chegar à presidência, mas têm pressa.

Além da bancada do Rio, Minas e Goiás pressionam o Planalto. Os goianos querem nomear o ex-senador Maguito Vilela para a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil.

- As bancadas do Rio, Minas e Centro-Oeste estão fechadas. Se não nomearem os nomes do Centro-Oeste, a insatisfação na bancada do Rio vai continuar, e vice-versa. Estamos cumprindo nosso papel na coalizão e aguardando a contrapartida do governo com o atendimento de nossos pleitos no segundo escalão - confirmou o deputado Carlos William (PMDB-MG).

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