Título: Mainardi vai à Justiça contra 'Hora do Povo'
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 03/05/2007, O País, p. 9

Colunista diz que reportagem embutiu ameaça de morte.

SÃO PAULO. O jornalista Diogo Mainardi, colunista da revista "Veja", afirmou ontem que entrará na Justiça com uma queixa-crime contra o jornal "Hora do Povo", por considerar que foi ameaçado de morte em uma reportagem publicada na edição de 27 de abril.

Na capa do jornal, sob o título "Inconformado com perda de impunidade, Diego (sic) desrespeita a memória de Bacuri", a reportagem afirma que Mainardi, num processo por calúnia, foi condenado a pagar R$30 mil ao jornalista Franklin Martins, atual ministro da Secretaria de Comunicações da Presidência da República. E ressalva: "Ao que tudo indica está pedindo para perder algo mais".

"Sabemos o que o vil metal significa para certo tipo de pessoas. Ainda assim, ao que tudo indica, ele está pedindo para perder algo mais. Pode ficar tranqüilo. Não faltarão almas pias para fazer a sua vontade", diz trecho da reportagem do jornal, editado pelo MR-8, organização de extrema-esquerda que integrou a luta armada contra o regime militar.

- Essa notícia criou uma preocupação familiar aqui em casa. Eles passaram do limite e por isso já acionei os advogados para entrar com uma queixa-crime. Eles são uma organização que praticou atos terroristas - diz Mainardi, para quem a posição do jornal é sustentada pela briga pública travada entre ele e Franklin Martins e nas críticas contra o governo Lula.

Em sua coluna, na "Veja", Mainardi acusou Franklin de usar de sua influência para conseguir empregos no governo para familiares. A Justiça determinou o pagamento de indenização ao atual ministro.

- O Franklin foi do MR-8 e essa gente é muito próxima dele. Além disso, tem as críticas que faço ao presidente Lula - lembra Mainardi.

O diretor de redação do "Hora do Povo" e membro do comitê central do MR-8, Carlos Lopes, negou que houvesse qualquer tom de ameaça na reportagem publicada pelo jornal. Segundo ele, a nota foi produzida pela equipe de redação.

- Não só não interpreto, como não considero ameaça nenhuma. Essa coisa de ameaça é um descalabro. Só estamos dizendo que quem faz qualquer coisa pelo vil metal, se arrisca. É a vida - disse Lopes, considerando que a nota reflete apenas uma opinião do jornal.