Título: Vestibular: fraudes em sete estados
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 03/05/2007, O País, p. 10

Acusado de liderar o esquema entrega fotos de alunos que compraram vagas.

FORTALEZA. A Operação Vaga Certa, deflagrada segunda-feira pela Polícia Federal, descobriu que a ramificação da quadrilha que comercializava vagas em universidades públicas e privadas no Brasil é maior do que se suspeitava. Além de Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, e Minas Gerais, o esquema de recrutamento de universitários para fazer vestibular, no lugar dos verdadeiros candidatos, também agia no Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Bahia.

A prisão de nove pessoas no Ceará e no Rio de Janeiro levou a polícia a descobrir casos de fraudes para a aprovação de candidatos no curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O Ministério Público baiano enviou à PF uma antiga denúncia sobre a comercialização de vagas em 1999. A reitoria da UFBA já enviou à PF a relação dos candidatos aprovados no concurso daquele ano.

O cearense Olavo Vieira de Macedo, considerado o cabeça do esquema, entregou-se ontem à tarde. Formado em direito e aluno de medicina da Universidade de Fortaleza (Unifor), ele admitiu participação no recrutamento dos ¿pilotos¿, universitários que faziam provas no lugar nos candidatos. Ele negou envolvimento com o esquema na Bahia. O preço cobrado para uma vaga variava de R$15 mil a R$70 mil.

Olavo entregou à PF fotos de pelo menos quinze pessoas que pagaram para obter uma vaga na universidade. Grande parte desses clientes era do Rio. Segundo a PF, já foram identificados 30 estudantes que entraram de forma fraudulenta nas universidades. As instituições lesadas já foram contatadas. Os estudantes, através de processo administrativo das universidades, deverão perder a vaga e serão processados criminalmente, por estelionato e falsidade ideológica.

A partir do depoimento de Olavo, a polícia concluiu que o esquema era liderado pelo casal Anélio Cedaro e Neide Alvarenga Cedaro, preso segunda-feira no Rio.