Título: CNBB critica lentidão do Congresso e abuso de MPs
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 03/05/2007, O País, p. 12

RELIGIÃO: Entidade cobra votação de reforma política.

Bispos lamentam ainda uso de CPIs como moeda política.

INDAIATUBA (SP). Os bispos do Brasil criticaram, na análise de conjuntura debatida na tarde de ontem na 45ª Assembléia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a transformação das medidas provisórias enviadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso "em afirmação de interesses grupais ou pessoais". No texto, que serviu de guia para o debate entre os bispos reunidos em Indaiatuba, a cerca de cem quilômetros de São Paulo, há críticas também às Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), transformadas "em moedas de embate político-partidário".

Para os bispos, as MPs e as CPIs têm servido para aumentar a lentidão do Congresso.

"Estamos com as pautas trancadas pelas MPs"

"Estamos com as pautas parlamentares trancadas pelas MPs do Plano de Aceleração Econômica (PAC) e às voltas com as CPIs do Apagão Aéreo, criando lentidão no ato de legislar", afirma o texto, que não é documento oficial da CNBB e nem da assembléia. Fechado a participantes que não fazem parte do episcopado brasileiro, o debate teve a participação de cerca de 300 bispos.

No texto, elaborado pela assessoria da CNBB, há críticas também ao Congresso em relação ao projeto enviado no começo do ano pelo Fórum pela Reforma Política, assinado por 34 entidades, entre as quais a OAB e a CNBB. Conforme a análise, o andamento da reforma está "muito lento e sem muita motivação por parte dos parlamentares", por isso "urge pressão da sociedade".

Hoje os trabalhos da assembléia dos bispos vão começar em clima mais quente, com a primeira votação para a escolha da nova direção da CNBB. Não há chapas e os candidatos são votados separadamente conforme o cargo. O primeiro escrutínio é para escolher o novo presidente. O candidato favorito é o recém-nomeado arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha. O bispo-auxiliar do Rio, dom Dimas Lara Barbosa, é cotado para a secretaria-geral da CNBB, um dos cargos mais importantes na direção da entidade. Outro candidato ao cargo é o bispo auxiliar de São Paulo, dom Pedro Stringhini.