Título: Têmis: seis são denunciados em SP
Autor: Gripp, Alan e Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 03/05/2007, Rio, p. 14

Grupo é acusado de vazar informações sobre investigação da Polícia Federal.

BRASÍLIA. O Ministério Público Federal denunciou ontem à Justiça seis pessoas investigadas pela Operação Têmis, entre elas dois policiais civis e o procurador da Fazenda Nacional Sérgio Gomes Ayala. Elas são acusadas de envolvimento com o vazamento dos números de telefone interceptados pela Polícia Federal durante a investigação da quadrilha que negociava a venda de sentenças judiciais, com foco principal em São Paulo.

Se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolher a denúncia, eles serão processados por quebra de segredo da Justiça, corrupção ativa e corrupção passiva. Eles são investigados ainda por suspeita de crimes relacionados a vendas de liminares a bingos e empresas interessadas em obter créditos tributários.

Vazamento aconteceu dias antes do início da operação

O vazamento aconteceu nos dias que antecederam a Operação Têmis, deflagrada em 20 de abril. A pedido da organização criminosa, o agente da Polícia Civil de São Paulo Celso Pereira de Almeida, conhecido como Xuxinha, encomendou a Washington Gonçalves Rodrigues, funcionário de uma operadora de telefonia móvel, um rastreamento dos celulares e rádios Nextel usados pelos acusados de negociar liminares.

Segundo o MP, a operação foi concretizada, e os suspeitos trocaram os aparelhos e passaram a evitar conversas por telefone, atrapalhando as investigações. Apesar disso, o ministro do STJ Félix Fischer não concedeu a prisão temporária dos acusados, pedida pelo MP.

Os integrantes da suposta quadrilha passaram a suspeitar que estavam grampeados no início de março, quando um de seus integrantes, Sidney Ribeiro, foi alertado pelo escrivão da Polícia Civil João Avelares Varandas, o Vavá. O policial se ofereceu para verificar as interceptações em andamento. Nervoso, Ribeiro comunicou ao procurador Sérgio Ayala, em conversa gravada em 5 de março:

"(Vavá) mostrou os pedidos lá (de interceptação), tava com dezoito IDs (número de identificação dos rádios) pedidos", disse Ribeiro a Ayala, que recomenda: "(...) rádio tem que pegar e jogar no lixo, porque ele não ajuda nada, e além disso todo mundo ouve sua conversa (risos)".

Três semanas depois, contatado por Ribeiro, Xuxinha diz que pode ajudar. Ribeiro, então, faz contato com o advogado Luis Roberto Pardo, o Beto, apontado pela PF como o chefe do grupo, e pede uma lista completa dos telefones e rádios usados.