Título: Contrato no Irã seria de US$100 milhões
Autor: Melo, Liana e Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 03/05/2007, Economia, p. 27

Sob pressão dos EUA, estatal nega investimento de US$500 milhões.

HOUSTON. O gerente executivo da área internacional da Petrobras, Samir Awad, afirmou ontem não terem fundamento as notícias de que a Petrobras estaria investindo US$500 milhões no Irã. Segundo ele, o compromisso acertado com as autoridades iranianas é o de perfurar dois poços, o que deverá representar, no máximo, US$100 milhões. Os investimentos da Petrobras em exploração de petróleo no Irã são alvo de pressões da Casa Branca.

Os EUA estão preocupados com a possibilidade de a Petrobras aumentar seus investimentos naquele país. Autoridades procuraram recentemente o presidente Lula e a Petrobras para saber sobre os projetos da estatal no Irã, país sob embargo das Nações Unidas, que enfrenta oposição dos EUA em relação ao processo de enriquecimento de urânio. Na ocasião, Lula sinalizou que não cederia às pressões para que a Petrobras deixasse de investir no país.

No fim do ano passado, a Petrobras iniciou a perfuração do primeiro poço no Irã, que deverá exigir investimentos de US$50 milhões. O segundo poço deverá custar em torno de US$30 milhões. Os dois estão localizados no Mar Cáspio.

- O contrato com o Irã é para perfurar dois poços. Se resultarem em descoberta comercial, a gente vai negociar um contrato para produzir a descoberta, seja de óleo, seja de gás. O compromisso é perfurar esses poços - garantiu Awad.

Segundo o executivo, o governo americano procurou a Petrobras para tentar entender o que estava acontecendo, e se realmente iria aumentar seus investimentos no Irã:

- A Petrobras foi clara ao dizer que hoje não existe nenhum investimento no Irã além dos dois poços, mas a empresa está livre para investir onde achar que tem potencialidades.

Awad explicou que há algum tempo o governo do Irã e a Petrobras mantêm discussões a respeito de vários projetos de exploração de petróleo em terra e no mar Cáspio, além de projetos de gás natural liquefeito (GNL), entre outros. Tudo isso, segundo ele, são apenas conversas, sem qualquer negociação em andamento. O executivo lembrou que atuam no Irã vários gigantes do petróleo, como Shell, Statoil e Total, que não sofrem constrangimentos por parte do governo dos EUA.

- Então, posso entender que, no nosso caso, também não haverá qualquer tipo de constrangimento, se viermos a realizar novos investimentos no Irã.

(*) A repórter viajou a convite da Petrobras