Título: Nacionalistas sem maioria na Escócia
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 04/05/2007, O Mundo, p. 31

Segundo projeções, separatistas não terão força no Parlamento para realizar referendo.

LONDRES. Nem tudo parece ser más notícias para o governo Blair nas eleições locais. De acordo com as primeiras pesquisas de boca-de-urna na Escócia, o SNP, partido nacionalista cuja principal bandeira é a realização de um referendo sobre a separação do Reino Unido, não vai conseguir as 65 cadeiras necessárias para forçar o projeto de consulta. Segundo as projeções de ontem, os nacionalistas conseguiriam no máximo 47 cadeiras das 129 disponíveis, contra 40 dos trabalhistas, e precisariam de uma coligação para avançar com a proposta do referendo.

No entanto, a independência é um assunto que não parece muito do agrado nem dos conservadores nem dos liberal-democratas, com quem o SNP precisará entrar em acordo para dar as cartas no Parlamento escocês. Ainda assim, a eventual vitória ¿ ainda que parcial ¿ seria um marco histórico, pois a Escócia é um tradicional reduto trabalhista, mesmo depois de Londres ter instituído o governo local em 1999. As eleições no país estão sendo acompanhadas com atenção no resto da União Européia, em especial nas regiões onde há outros movimentos separatistas.

Porém, as mais recentes enquetes sobre a secessão revelam que a maioria dos escoceses rejeita a principal proposta do SNP, com apenas 27% da população de cinco milhões apoiando o fim de 300 anos de união com os ingleses. O próprio partido parece ter suavizado um pouco o discurso e já fala em esperar pelo menos até 2010 para uma tentativa mais formal de consulta.

Um eventual fortalecimento do separatismo escocês seria uma dor de cabeça para a Espanha, por exemplo, onde bascos e catalães fazem pressão por mais autonomia. Outro país preocupado é a Bélgica, onde a população de origem flamenga tem mostrado o desejo de se separar da parte francesa. (F.D.)