Título: Reciclagem
Autor: Frnco, Ilimar
Fonte: O Globo, 07/05/2007, O Globo, p. 2

O PFL mudou o nome para DEM, o PPS está redesenhando sua linha política e o PSDB também procura seu rumo. A oposição está se preparando para o pós-Lula. Os tucanos realizam congresso, em setembro, quando vão aprovar um novo programa, no qual será reafirmado o legado do governo Fernando Henrique Cardoso, e os temas do meio ambiente e da segurança terão destaque.

O objetivo do PSDB, segundo seu vice-presidente, o senador Sérgio Guerra (PE), é transformá-lo no partido das classes médias brasileiras. Para isso, o partido fará quatro seminários - Desenvolvimento e Meio Ambiente, Educação, Segurança e Políticas Urbanas - e dois encontros - Desenvolvimento Econômico e Gestão, para atualizar suas propostas. A primeira dessas reuniões ocorre no final do mês e as principais intervenções serão feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela antropóloga Ruth Cardoso, que falará sobre políticas de combate à pobreza. Quando esse processo se concluir, diz o deputado José Anibal (SP), os tucanos terão um conjunto de propostas inovadoras para apresentar aos eleitores.

Até lá, o partido já começou a trabalhar para reforçar sua organização no país. Eles partem de uma avaliação, baseada nos resultados das três últimas eleições presidenciais, que mostra que o PSDB não está organizado nacionalmente e que muitas de suas estruturas não funcionam. Os tucanos querem mudar, mas têm dificuldades para fazer uma renovação, como a feita pelo DEM (ex-PFL), que está promovendo para o comando políticos jovens. O partido adotou uma linha mais convencional e pretende reforçar seus quadros, buscando na sociedade novos filiados, que tenham ligação com as mobilizações sociais e que sejam representativos da sociedade, sobretudo, nos maiores centros urbanos do país.

Para se transformar num partido verdadeiramente nacional, os tucanos querem lançar candidaturas próprias nas eleições municipais do ano que vem nos 240 maiores municípios, que representam 50% do eleitorado do país. A exemplo do que fez o PT, os tucanos querem usar essas candidaturas para mobilizar e organizar o PSDB. O reforço na estrutura partidária é considerado fundamental para que os tucanos, que têm dois nomes fortes para a sucessão presidencial, os governadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), consigam construir uma candidatura viável politicamente e competitiva eleitoralmente.