Título: Sem-terra para espantar grileiros
Autor: Awi, Fellipe
Fonte: O Globo, 06/05/2007, O País, p. 4

Presidente do Incra diz que escolha visa à "ocupação sustentável".

BRASÍLIA. O presidente do Incra, Rolf Hachbart, disse que a escolha da Amazônia para concentrar grande parte dos assentamentos de terra do país não é por acaso. Embora admita a dificuldade de levar infra-estrutura às áreas de floresta, Hachbart enumera vantagens. Segundo ele, há muitas famílias sem-terra na região e muitas terras federais disponíveis. Outra alegação é que os assentamentos se encaixam no plano de ocupação sustentável da floresta. A idéia é fazer os assentados ocuparem o lugar dos grileiros:

- As famílias são assentadas em áreas ocupadas por grilagem ou propriedades privadas.

Ele diz ter visitado recentemente os assentamentos em Marabá e Santarém, no Pará, e constatado as dificuldades das famílias. Mas pondera que, dentro de suas limitações, o governo tem aumentado a oferta de crédito aos trabalhadores rurais:

- No Pará, ano passado, concedemos mais de R$500 milhões em crédito para os assentados. É uma demanda grande, mas estamos recuperando a capacidade operacional do Incra para encarar o problema de frente.

Segundo o Incra, na Região Norte foram feitos 355 dos 1.656 assentamentos dos três primeiros anos do governo Lula. Se forem somados os assentamentos de Mato Grosso e Maranhão, esse número sobe para 720, o que representa 43,4% dos assentamentos de todo o país no período. Esse dado diverge do apresentado pelo geógrafo Carlos Gonçalves. Segundo ele, o número de assentamentos nessa região representa 66,3% dos realizados de 2003 a 2005. Mas, de acordo com o Incra, o percentual das áreas destinadas para assentamento na Região Norte é ainda maior: 87% do total (mais de 20 milhões de hectares).