Título: 'Não quero que a França se torne um Brasil'
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 06/05/2007, O Mundo, p. 47

Sebastién Acacia - empresário

"Voto em Ségolène Royal. Eu sempre votei e até militei pelas causas da direita e da centro-direita: fui contra a lei que limita o trabalho semanal em 35 horas e contra as vantagens dos funcionários públicos. Não gostava das políticas de esquerda. Pensava que a França tinha muitos privilégios e políticas sociais exageradas. Como empresário, com todos os problemas que os empresários enfrentam, como impostos e encargos sociais, achei que ser de esquerda era algo do passado. Até o dia em que descobri o Brasil. Eu relativizei tudo. No Brasil tem tanta gente com nada que comecei pensar o modelo francês de outra forma. A realidade social brasileira foi um choque para mim. No Brasil, as pessoas têm que se virar na vida, praticamente sem ajuda do Estado. Fiquei chocado com os salários dos magistrados, que ganham de 100 a 120 vezes o salário mínimo, com todos os privilégios, enquanto tem gente que não tem nada e nem oportunidade de estudar. O modelo francês é mais igualitário. Apesar de Lula ter sido um sindicalista, o Brasil que precisa de educação e saúde investe mais no etanol e na soja transgênica do que na formação do povo. Isso me assustou. Não quero que a França, com políticas liberais, se torne um Brasil, dando oportunidades às grandes empresas sem cuidar do povo, que é o fundamental de uma nação. Nicolas Sarkozy nem se importa com o meio ambiente, que, na minha opinião, deve ser uma prioridade, juntamente com a educação do povo. Não vou votar em Ségolène por ela, mas sim contra Nicolas Sarkozy. Vou votar por um projeto de sociedade mais voltado ao ser humano"(D.B.)