Título: `A 1ª vez que a esquerda fala de empresas¿
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 06/05/2007, O Mundo, p. 47

¿Voto em Ségolène Royal. Acho que uma mulher na Presidência vai modificar um pouco a regra do jogo. Vai nos trazer uma certa serenidade, uma escuta, uma capacidade a dialogar e, penso eu, uma modernidade. Não quero dizer com isso que Nicolas Sarkozy não seja moderno. Os dois são quingüagenários e certamente vão trazer algo de novo em relação à administração política dos últimos anos. No debate, a crítica de que Ségolène Royal é incompetente é falsa. Ela mostrou que tem caráter, que é competente. Sobre o limite de 35 horas semanais para o trabalho, ela mostrou que é dissidente em relação ao Partido Socialista. Quando ela perguntou a Nicolas Sarkozy se ele, que quer fazer as pessoas trabalharem mais, iria suprimir a lei das 35 horas, ele respondeu que vai manter a lei. Ségolène nunca disse que iria aplicar de forma generalizada o limite das 35 horas. Isso ficou claro. É verdade que a forma rígida como esta lei foi implementada é um fator negativo, na minha opinião. Mas foi o que Ségolène Royal disse. Além do mais, é a primeira vez que a esquerda fala de empresas. E isso é Ségolène Royal: não é a esquerda e o PS com a idéia arcaica de que a empresa deve ser diabolizada. É um modernismo reconhecer que a empresa está no coração das preocupações da França. Eu sou da geração de 1968. Quando Sarkozy diz que vai liqüidar com a herança de 1968, é estúpido: as mulheres conquistaram bastante graças a esta geração de 68¿. (D.B.)