Título: Empresa vai revisar plano estratégico
Autor: Novo, Aguinaldo e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 05/05/2007, Economia, p. 32

Meta da empresa é produzir 450 milhões de toneladas de minério em 2011.

Às vésperas de completar dez anos de privatização, a Vale do Rio Doce chegou ontem ao valor de mercado de US$100 bilhões. Para o presidente da companhia, Roger Agnelli, o valor sintetiza qualquer avaliação que possa ser feita sobre a empresa, de 1997, quando foi privatizada, até hoje.

¿ A meta era chegar a um valor de mercado de US$25 bilhões até 2010 e ser uma das cinco maiores mineradoras do planeta. Superamos isso tudo com folga, por isso é necessário colocar uma régua no futuro ¿ afirmou Agnelli, referindo-se a uma revisão do plano estratégico da empresa, por causa das mudanças na própria Vale e também no mercado.

Valorização do real dificultou redução de custos

Este plano começa a ser traçado nos próximos seis meses, com projeções para daqui a cinco anos.

¿ No mês que vem vamos fazer uma reunião com os acionistas para traçar o novo plano estratégico da companhia, para traçar os próximos desafios da Vale e estarmos preparados para enfrentar esses novos desafios. Essencialmente já anunciamos o que é isso, que é aumentar fortemente em minério de ferro. O mercado está pedindo para que a gente acelere um pouco mais os investimentos. Estamos fazendo isso, com cautela, com serenidade ¿ afirmou Agnelli.

Ao comentar ontem o balanço do primeiro trimestre de 2007, quando a Vale fechou o período com um lucro de R$5 bilhões, Agnelli ressaltou o bom desempenho, mas que os resultados poderiam ter sido ainda melhores, se, por exemplo, o custo do frete Brasil-China (maior mercado da Vale do Rio Doce) fosse menor.

Outro ponto destacado por Agnelli foi a valorização do real, que tem dificultado o esforço da empresa para a redução de custos. Ele lembrou que, do total de US$1 bilhão que foi acrescido este ano ao programa de investimento, que foi alterado para R$7 bilhões, US$380 milhões foram destinados apenas ao impacto do dólar nos investimentos.

A empresa também tem como meta chegar a uma produção de 450 milhões de toneladas de minério em 2011, um dos pontos que fazem parte da revisão do plano estratégico da empresa para os próximos cinco anos. Hoje, a produção anual da companhia é de 300 milhões de toneladas anuais.

País precisa investir em térmicas e hidrelétricas

Ainda segundo o presidente da Vale, essa previsão de aumento da produção inclui apenas o crescimento orgânico (pesquisa e desenvolvimento), independentemente de qualquer compra de ativos. Mesmo assim, Agnelli destacou que, como o setor está em constante processo de consolidação, a Vale vai continuar avaliando oportunidades, sem descartar possíveis novas aquisições.

¿ Acredito que novas oportunidades surgirão no futuro, e vamos analisar todas no momento certo ¿ acrescentou Agnelli.

O executivo defendeu a construção de usinas térmicas a carvão no país, além das hidrelétricas. A empresa tem projetos de construção de usinas a carvão em estados como o Pará. Para Agnelli, as usinas a carvão não são um ¿pecado¿, e o custo de construção costuma ser até três vezes mais barato que o de uma usina a óleo, com o mesmo nível de emissão de carbono. Ele alertou para a necessidade de investimentos em energia para que o Brasil possa crescer mais do que o esperado.