Título: Um choque de modernidade
Autor: Novo, Aguinaldo e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 05/05/2007, Economia, p. 32

Modo de pensar mudou, diz diretor.

A privatização deu à Vale do Rio Doce um choque de modernidade, nas palavras do diretor de Relações Institucionais da companhia, Tito Martins, que exalta os resultados do modelo adotado há dez anos.

¿ Não que ela fosse antiga. Mas o que aconteceu no pós-privatização foi uma mudança na maneira de pensar da empresa. Ela saiu do tradicionalismo percebendo que, como mineradora, tinha obrigação social de crescer. Esse choque de modernidade a fez competir não só por mercado mas também por capital.

Segundo Martins, a Vale conseguiu, ao longo do tempo, transformar-se em uma ¿empresa global¿:

¿ Não há argumento técnico que não seja favorável a dizer que a privatização foi um sucesso. Eu, que estou aqui há 22 anos, acho que a privatização da Vale foi muito boa. A Vale tem que ser motivo de orgulho para todo brasileiro.

Martins afirma que a Vale não tem mais limites na busca pelo crescimento. E ressalta a preocupação atual da empresa com o social, sem assistencialismo.

¿ O nosso investimento possibilita o crescimento das áreas onde estamos. Se eu invisto, gero renda, emprego, beneficio a comunidade e toda a matriz econômica da região. Temos feito um esforço grande em, cada vez mais, mudar o conceito de investimento social. A mineração acaba um dia, e é preciso promover o crescimento em outras áreas ¿ afirma Martins.

Há 32 anos trabalhando na Vale, Pedro Paulo Berardinelli, gerente de Administração de Recursos Humanos, vivenciou o ¿choque de modernidade¿. Ele lembra que, ao entrar na empresa, como escriturário-datilógrafo, sua percepção era de que muitos funcionários faziam corpo mole, confirmando a caricata visão do servidor que deixa o paletó na cadeira e some.

¿ Na era pré-privatização, muitos funcionários se mostravam contra. Lembro que estávamos com o radinho acompanhando o leilão (de privatização) e, quando bateu o martelo, muita gente chorou. Meu pai, que trabalhou na Vale e já faleceu, também era contra, mas deu a mão à palmatória. E aqueles que colocavam o paletó na cadeira saíram da empresa.

Para ele, a privatização foi um passo correto:

¿ Em nenhum momento tive medo da mudança. Valeu a pena ser privatizada. Não estou desmerecendo a estatal. Nessa condição, a empresa construiu uma base, mas a mudança deu certo. (Erica Ribeiro)