Título: Azarão levou a melhor na disputa
Autor: Novo, Aguinaldo e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 05/05/2007, Economia, p. 32

SÃO PAULO. A disputa pelo controle da Vale do Rio Doce terminou com a vitória de um azarão. O vencedor não foi o empresário Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, que tinha a seu lado Nippon Steel e Anglo American, mas Benjamin Steinbruch, que liderava um consórcio formado pela CSN e quatro fundos de pensão (Previ, Petros, Funcef e Funcesp).

Com ágio de 19,99% sobre o preço mínimo, Steinbruch pagou R$32 por ação, num total de R$3,38 bilhões. Ermírio chegou a oferecer R$31,80, mas quando ia cobrir o lance da CSN foi impedido pelos japoneses. Anunciado o resultado, ele citou Machado de Assis: ¿Ao vencedor, as batatas¿. Steinbruch saiu do leilão ¿ que durou cinco minutos ¿ como um dos empresários mais poderosos do país.

O governo mobilizou um exército de advogados para derrubar mais de cem liminares ¿ uma após a vitória da CSN ¿ contra o leilão, que foi adiado várias vezes. Em meio aos protestos públicos, o Movimento em Defesa da Economia Nacional trocou a bandeira do Brasil na sede do BNDES, no Rio, pela dos EUA.

Removidas as barreiras judiciais, Steinbruch ficou à frente da Vale por três anos, sempre às turras com os sócios. Em março de 2001, um acordo de descruzamento societário entre CSN e Vale sacramentou sua saída do grupo. Na última campanha, Lula declarou que não teria privatizado a Vale e causou polêmica. (A. N.)