Título: França: Sarkosy abre dez pontos de vantagem
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 05/05/2007, O Mundo, p. 36

No último dia de campanha, Ségolène diz que rival é um risco para o país, enquanto ele já fala nas eleições legislativas.

PARIS. A campanha pela Presidência da França se encerrou ontem, com o candidato da direita, Nicolas Sarkozy, aparecendo como o grande favorito nas pesquisas de intenção de voto e já falando nas eleições legislativas de junho. Segundo duas sondagens, Sarkozy abriu dez pontos percentuais de vantagem sobre a socialista Ségolène Royal, com 55% a 45%. Desde o anúncio dos resultados do primeiro turno, as pesquisas apontam para a vitória de Sarkozy, mas é a primeira vez que ele reúne tantas intenções de voto.

Já Ségolène declarou não acreditar em pesquisas e que ¿há esperança¿. Ela encerrou a campanha com um violento ataque ao adversário, considerando-o um risco para o país.

¿ Nicolas Sarkozy pode ser uma escolha perigosa. É minha responsabilidade alertar as pessoas para o risco de sua candidatura em relação à violência e à brutalidade que pode deflagrar no país ¿ disse a socialista.

Ségolène, que tenta se tornar a primeira mulher eleita presidente da França, referia-se à revolta que começou nos bairros de imigrantes em Paris, em 2005, e que tiveram como um dos estopins a declaração de Sarkozy, então ministro do Interior, chamando jovens delinqüentes de ¿gentalha¿.

Candidato ironiza ataques da adversária

Sarkozy, por sua vez, respondeu com ironia, durante uma visita aos Alpes:

¿ Ela não está de bom humor esta manhã. Devem ser as pesquisas de opinião.

Ele reiterou ontem que, se for eleito, vai se envolver a fundo na campanha pelas eleições legislativas, para formar ¿uma maioria com a UMP (seu partido) e o centro¿.

As sondagens divulgadas ontem mostravam Sarkozy consolidando sua posição como provável vencedor do segundo turno. A pesquisa BVA, anunciada à noite, mostrava Sarkozy com 55% e Ségolène com 45%. Segundo o instituto, o conservador ganhou três pontos percentuais, enquanto a socialista perdeu três. Liberada minutos antes, a Ipsos dava a mesma diferença: 55% a 45% ¿ comparada à véspera, ele ganhou um ponto e ela perdeu um. Já a TNS Sofres mostra o candidato da UMP com 54,5%, contra 45,5% (cada um com 2,5 pontos a mais do que na sondagem anterior).

¿ É difícil imaginar que essa tendência possa ser revertida ¿ disse o vice-presidente da TNS Sofres, Brice Teinturier.

No primeiro turno, em 22 de abril, Sarkozy obteve 31,2% dos votos, enquanto Ségolène ficou com 25,9%. Analistas dizem que uma nova derrota para os socialistas, que não ocupam a Presidência desde 1995, pode abrir uma nova crise no partido, que nas eleições passadas sequer chegou ao segundo turno.

Mantendo o tom combativo que adotou no debate de quarta-feira, Ségolène disse, em visita à região da Bretanha, que a violência nas ruas aumentou quando Sarkozy era ministro do Interior. Embalado pelas pesquisas, o candidato conservador manteve o tom calmo:

¿ Quando escuto seus comentários, me pergunto por que uma mulher com suas qualidades carrega consigo sentimentos tão violentos ¿ disse ele, nos Alpes.

www.oglobo.com.br/mundo