Título: Metade dos idosos do país declara ser analfabeta, segundo pesquisa
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 08/05/2007, O País, p. 8
Dos maiores de 60 anos, 44% gostariam de estudar; 36% sofreram violência.
SÃO PAULO. Metade dos brasileiros (49%) com mais de 60 anos é analfabeta, mas gostaria de voltar à escola, aprender informática, fazer faculdade ou mesmo aprender corte e costura. Dos idosos, 36% já sofreram alguma violência, de humilhações a agressões físicas dentro de casa e em ônibus. A realidade dos brasileiros acima de 60 anos foi captada pela pesquisa "Idosos no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade", realizada pela Fundação Perseu Abramo, do PT, em parceria com o Sesc. Declararam-se analfabetos 49% se e 4% disseram saber escrever e ler apenas o próprio nome. Consideram ler e escrever uma tarefa difícil 22% (14% por considerar o aprendizado insuficiente; 7% por problemas de saúde e 2% pelos dois motivos). Nunca foram à escola 18%, e 89% não passaram da 8ª série do ensino fundamental.
A pesquisa revelou que 44% da população idosa gostaria de estudar. Sete por cento continuariam os estudos formais; 6% gostariam de ser alfabetizados; 6% aprenderiam informática e 7% gostariam de receber aulas de tricô, crochê ou bordado. Outros 3% fariam faculdade e 4%, corte e costura.
- Não existe uma política pública contra o analfabetismo do idoso - afirmou o diretor regional do Sesc SP, Danilo Santos de Miranda.
A pesquisa mostrou que 36% sofrem ou sofreram alguma violência em razão da idade. Esse dado só foi obtido nas perguntas estimuladas. Quando a resposta é espontânea, o número de idosos que reportam violência é de 15%. Esses geralmente falam de agressões físicas sofridas em casa (6%), na rua (4%), no ônibus (2%) e em atendimento médico/hospitalar (1%), entre outros. O agressor, nesses casos, é reportado como desconhecido (4%), familiar (3%), conhecido (2%), motorista de ônibus (2%), entre outros.
O cientista político Gustavo Venturi, da Perseu Abramo, responsável pela pesquisa, explicou que grupos submetidos constantemente à violência acabam por não identificá-la. Por isso, o número mais que dobrou quando as formas de abuso foram expostas ao entrevistado. Entre os abusos, o mais citado são ofensas e humilhações (17%) e falta de remédio e atendimento médico (14%).
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