Título: É difícil acabar com vantagens
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 08/05/2007, O Mundo, p. 27

PARIS. Senadora da UMP, o partido de Nicolas Sarkozy, Joelle Garriaud-Gaylan disse ao GLOBO que a vitória do candidato direitista deverá permitir a eleição de uma maioria confortável de direita no Parlamento, nas eleições legislativas de junho.

O que representa a vitória de Nicolas Sarkozy?

JOELLE GARRIAUD-GAYLAN: É um imenso sinal. É o símbolo da renovação da França. Precisamos reformar o país para inscrever a França na modernidade e no fenômeno da globalização. Mas era preciso coragem. É preciso muita coragem para ir contra as vantagens adquiridas e contra toda uma forma de inércia que se instalou no país.

A próxima batalha para vocês é garantir a maioria no Parlamento nas eleições legislativas de junho, não?

GARRIAUD-GAYLAN: Tivemos uma vitória excepcional, que mostra que uma maioria no país aceita Sarkozy e seu projeto. Estou convencida de que nas legislativas o eleitorado vai nos apoiar. Os franceses compreenderam que é preciso uma mudança. Todos os valores de Sarkozy, de trabalho, do mérito, eis o que precisamos agora! Sofremos tanto com estas 35 horas (lei que limita o trabalho em 35 horas por semana).

Quais devem ser as prioridades nos planos econômico e social?

GARRIAUD-GAYLAN: Há várias reformas para fazer no plano econômico. Sarkozy anunciou um programa rico de valorização do trabalho. A chave é liberdade no plano econômico em todas as esferas da sociedade para que possamos avançar. É triste ver que uma pesquisa recente mostrou que os franceses se opõem mais à economia de mercado do que os chineses. Isso é terrível! Graças a esta campanha eleitoral, Sarkozy começa a mudar isso.

É preciso acabar com a lei das 35 horas de trabalho?

GARRIAUD-GAYLAN: É difícil acabar com vantagens adquiridas. Nós vimos no passado como projetos de reforma acabaram, com manifestações nas ruas. Mas espero que Sarkozy consiga resistir. É muito difícil. Você sabe que na Áustria passou-se a trabalhar 60 horas por semana? Mas agora vamos fazer com que as pessoas queiram trabalhar mais e fazer avançar a França. (D.B.)