Título: CPI estréia sem uma decisão
Autor: Lima, Maria e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/05/2007, O País, p. 12

Controladores de vôo só devem depor na segunda fase das investigações.

BRASÍLIA. A CPI do Apagão Aéreo da Câmara estreou ontem com um roteiro que exclui, na primeira fase de seus trabalhos a convocação dos controladores de vôo envolvidos no acidente da Gol. Na véspera, o brigadeiro Átila Maia dissera ao presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), que o pedido de convocação de controladores deve passar antes pelo Comando da Aeronáutica.

Na lista das primeiras 14 convocações, cujos requerimentos serão votados hoje, o relator, Marco Maia (PT-RS), pede que sejam ouvidos os pilotos do jato Legacy Jan Paladino e Joseph Lepore. Eles pilotavam o Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, provocando a morte de 154 pessoas. Mas não menciona os controladores do Cindacta I de plantão no dia do acidente.

Pela previsão do relator, os controladores só serão chamados a partir de 29 de maio. Ontem, Maia apresentou um roteiro das investigações em cinco etapas, começando com o acidente da Gol e suas implicações no controle de tráfego aéreo.

Parlamentares da oposição protestaram, alegando que a CPI seria engessada pelo cronograma do relator. E contestaram o eventual controle, por parte do Comando da Aeronáutica, sobre os militares que poderão ser convocados.

- Depois de ouvir os representantes dos controladores e ver as investigações, teremos mais condições de nominar quantos e quais controladores que estavam de plantão ou participaram do motim poderiam contribuir mais para nossas investigações. Isso fica para uma segunda fase - disse Maia.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), rechaçou possibilidade de interferência da Aeronáutica:

- A Câmara e a CPI têm poderes para fazer a convocação - disse, admitindo que a CPI pode, por gentileza, avisar sobre as convocações.

Pelo cronograma, a investigação sobre a Infraero só entrará na pauta no final e a CPI será encerrada em 11 de setembro.

Fruet quer acompanhamento do TCU e do MP

O tucano Gustavo Fruet (PSDB-PR) requereu o acompanhamento do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União e a requisição das auditorias e inquéritos que estão sendo feitos pelos dois órgãos.

No Senado, os governistas não sabem o que fazer com a CPI do Apagão Aéreo de lá. Num plenário quase vazio, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) surpreendeu ontem os próprios governistas ao levantar dúvidas sobre a constitucionalidade e a oportunidade política do funcionamento simultâneo de duas CPIs para investigar o mesmo assunto, no caso, a crise aérea. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), teve que correr ao plenário para esclarecer que a iniciativa de Salgado era de ordem pessoal e não tinha o aval do Planalto.