Título: À espera de Gordon Brown
Autor: Duarte, Fernando
Fonte: O Globo, 11/05/2007, O Mundo, p. 33

Indicação de ministro das Finanças é dada como certa.

LONDRES. A sucessão de Tony Blair não parece ser uma questão de quem ocupará seu lugar, mas de como. Basta ver que há mais rumores sobre os candidatos à vaga que será aberta pelo vice-premier John Prescott, e o motivo é simples: ninguém no Partido Trabalhista acredita que o atual ministro das Finanças, Gordon Brown, deixará de acompanhar Blair na jornada até o Palácio de Buckingham em 27 de junho, quando a renúncia de um perante a rainha Elizabeth II será acompanhada de um convite para que o outro forme o governo até as eleições gerais de 2009 ou 2010. Uma recompensa à altura para um coadjuvante de luxo do chamado Novo Trabalhismo.

Afinal, Brown, de 56 anos, era um dos principais nomes do partido quando o então líder, John Smith, foi fulminado por um ataque cardíaco em maio de 1994. Ele e Blair tinham subido rapidamente na hierarquia trabalhista após conseguirem vaga no Parlamento no mesmo ano (1983) e encabeçavam a ala modernista e cansada de seguidas derrotas eleitorais desde 1974. A candidatura de Blair teria surgido de um acordo de cavalheiros em que Brown trocaria um confronto na disputa pela liderança da legenda pelo controle da economia num eventual governo.

Brown cumpriu sua parte à altura: seu controle das finanças do Reino Unido alavancou o período de prosperidade que sustentou politicamente o projeto do Novo Trabalhismo. Aparentemente, o acordo com Blair previa também que o premier abriria espaço para que seu próprio ministro das Finanças sentisse o gosto do degrau mais alto do poder. O relacionamento azedou e há quem jure que a renúncia de Blair, antes prevista para 2008, foi antecipada por força da pressão dos simpatizantes de Brown no partido.

Oficialmente, seus únicos rivais até agora na disputa pela liderança trabalhista são Michael Mecher e John McDonell, dois parlamentares das alas mais radicais do partido. No entanto, ainda não está claro se algum deles obteve o apoio formal de pelo menos 44 colegas de bancada (12,5% do total) necessários para apresentar a candidatura, como manda o estatuto da legenda. O nome ou os nomes indicados serão submetidos a um colégio eleitoral formado também por filiados ao partido, com o resultado esperado para a última semana de junho.

Já a vaga de vice-premier tem nada menos do que seis candidatos, e pelo menos três deles com chances reais de conseguir a aprovação dos colegas de bancada: o atual ministro da Educação, Alan Johnson, o ministro para a Irlanda do Norte, Peter Hain, e a ministra para Assuntos Constitucionais, Harriet Harman. (F.D.)