Título: Nasa diz que EUA vão esquentar
Autor: Azevedo, Ana Lucia
Fonte: O Globo, 11/05/2007, Ciência, p. 36
Aquecimento global deve provocar ondas de calor recorde.
LONDRES. Um estudo da NASA, divulgado ontem, diz que o aumento de emissões de gases do efeito estufa pode fazer com que, num período relativamente curto de tempo, extensas áreas na Costa Leste dos Estados Unidos, os maiores poluidores do mundo, sofram com verões extremamente quentes. De acordo com a pesquisa, em alguns estados as temperaturas vão subir até 3 graus Celsius, fazendo com a temperatura média passe dos atuais 26 graus Celsius para até 33 graus Celsius.
Em estações mais secas, com pouca chuva, a temperatura em cidades como Washington, Nova York e Chicago poderia atingir os 43 graus Celsius, um número bem distante do atual e mais próximo do registrado em regiões desérticas dos Estados Unidos.
O relatório foi feito após a análise das temperaturas dos últimos 30 anos, associada a projeções, feitas em computador. O estudo é especial porque limita suas conclusões a uma determinada região geográfica, incluindo áreas urbanas.
¿ Nossa análise mostra que existe um potencial para o aumento extremo das temperaturas, especialmente durante os verões mais secos ¿ declarou o pesquisador Barry Lynn, um dos autores do relatório. ¿ Usando modelos de alta precisão, podemos mostrar que os gases do efeito estufa são capazes de amplificar o balanço entre precipitação, radiação solar e circulação atmosférica. Essa mudança deve levar a aumentos de temperatura em um período não muito distante.
Mudanças terão impacto na saúde e na economia
O dramático pulo nos termômetros teria um impacto devastador na saúde dos habitantes dessas regiões, criando também problemas na agricultura e na economia, disse a Nasa. O aumento geraria igualmente mais demanda por energia, graças ao maior uso de aparelhos de ar condicionado, o que aumentaria ainda mais as emissões de gases do efeito estufa.
O relatório da NASA se baseou na premissa de que as emissões de CO2 vão continuar subindo nos Estados Unidos num ritmo de 2% ao ano. Mas o aquecimento pioraria se as emissões crescessem ainda mais do que o percentual estimado.
Por ser tão recente, a pesquisa não pôde ser incluída entre os estudos que levaram aos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), divulgados este ano. Porém, ela é considerada uma ferramenta poderosa para que o governo americano seja pressionado a tomar medidas para reduzir, o mais rapidamente possível, as emissões de CO2.
A divulgação do relatório acontece às vésperas da abertura do Encontro Climático das Grandes Cidades, que vai acontecer em Nova York, a partir de segunda-feira. A reunião vai contar com a presença de prefeitos das maiores cidades do mundo, como Londres, Paris e Tóquio. Eles vão discutir medidas para combater o aquecimento global.