Título: TCU poderá investigar acordo
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 12/05/2007, Economia, p. 31

Deputado pedirá semana que vem avaliação de venda de refinarias.

BRASÍLIA. O Tribunal de Contas da União (TCU) deverá abrir uma auditoria para investigar a venda das duas refinarias de petróleo da Petrobras na Bolívia para a estatal YPFB por US$112 milhões. O pedido será feito pelo deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) na próxima semana. Normalmente, o processo só é aberto quando o órgão é provocado - embora a própria unidade técnica ou os ministros possam desencadear a fiscalização com base em outras informações.

- Do ponto de vista do interesse do patrimônio público, vale uma avaliação mais profunda do negócio. Não temos o que comemorar com a venda das refinarias - disse Carvalho.

O deputado também vai pedir à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que examine os termos do negócio para verificar se os interesses dos acionistas minoritários não foram prejudicados.

O relator do projeto da Lei do Gás, deputado João Maia (PR-RN), apesar de concordar que a Petrobras não fez um bom negócio, considera que o país está em uma situação delicada em relação à Bolívia, porque depende do gás natural importado daquele país. Dos mais de 40 milhões de metros cúbicos/dia de gás consumidos pelo Brasil, cerca de 26 milhões são importados da Bolívia. Qualquer dificuldade no abastecimento, explicou, atinge diretamente o parque industrial de São Paulo e dos outros estados do Sul.

- Não foi um bom negócio, mas foi o negócio possível. A situação de abastecimento não tem solução a curto prazo. Não dá para ser leviano, nós construímos por opção esta relação com a Bolívia nos últimos 10 a 12 anos - disse ele, para quem a Bolívia vem tratando o Brasil de forma muito "virulenta", mas a resposta do governo foi adequada.

A Petrobras sairá da área de refino na Bolívia em no máximo dois meses, afirmou ao GLOBO o gerente-executivo do Cone Sul da Petrobras, Décio Oddone. Mesmo tendo decidido se retirar da atividade antes do que pretendia - poderia manter-se com 30% da sociedade por pelo menos dois anos - a estatal reconhece que precisa costurar uma transição no comando das duas maiores unidades do país, de forma a transferir know-how à equipe técnica da petrolífera boliviana YPFB. Mas, segundo Oddone, a melhor transferência será a mais rápida:

- Pretendemos ficar o mínimo possível.

COLABOROU Eliane Oliveira