Título: Gigante põe o pé no freio
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 12/05/2007, Economia, p. 31

Lucro da Petrobras cai 38% no primeiro trimestre do ano e fica em R$4,1 bilhões.

Acostumada a recordes sucessivos em seus resultados, a Petrobras fechou o primeiro trimestre do ano com um lucro líquido de R$4,13 bilhões, 38% menor frente aos R$6,67 bilhões do mesmo trimestre do ano passado, e 21% menor em relação aos R$ 5,2 bilhões do quatro trimestre do ano passado. Desde o segundo trimestre de 2005 a Petrobras não tinha um lucro líquido da ordem de R$4 bilhões. O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, explicou que dois fatores tiveram impacto: a queda em torno de 10% nos preços do petróleo no mercado internacional desde o fim de 2006 e os gastos de R$1 bilhão para pagamento do incentivo dado aos funcionários da ativa e aposentados para migrarem ao novo plano da Petros, o fundo de pensão da empresa.

Barbassa disse, contudo, que a queda das cotações do petróleo no mercado internacional não resultará no aumento dos preços internos, para compensar as perdas de receita, nem no repasse das reduções para o consumidor. No primeiro trimestre do ano, os preços de venda da Petrobras no país eram de US$71,50 por barril, valor igual ao cobrado nos EUA. Já o preço do Brent (referência internacional) foi, em média, de US$62,30.

As atividades da Petrobras no exterior deram prejuízo de R$154 milhões no primeiro trimestre, contra lucro de R$236 milhões em igual período de 2006. O diretor da estatal explicou que, na Bolívia, o prejuízo foi de R$10 milhões nos três primeiros meses do ano, devido ao aumento de impostos e taxas a partir de maio do ano passado. A Petrobras não pôde registrar as receitas das atividades na Venezuela porque a estatal PDVSA, que assumiu em abril de 2006 o controle da produção, não informou os dados. No ano passado, o lucro naquele país foi de R$70 milhões.

A média de analistas do mercado projetava lucro próximo a R$5 milhões. Mônica Araújo, chefe de análise da Ativa corretora, no entanto, já esperava um resultado mais fraco. Segundo ela, as despesas do acordo com a Petros superaram as expectativas, que eram de R$900 milhões:

- Apesar do resultado, há espaço para a companhia retomar os lucros crescentes. Mas isso dependerá da recuperação no preço do petróleo e da redução nos custos de produção.

Na Bolsa de Valores de São Paulo, ontem, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras subiram 1,96%. Já as ações ordinárias (com direito a voto) avançaram 1,90%. O resultado foi anunciado após o fechamento. Segundo analistas, além da alta do petróleo no mercado externo, o bom desempenho das ações deve-se ao acordo de venda das refinarias para o governo boliviano. Como o mercado temia um desfecho negativo, o fim do impasse foi recebido com alívio.

COLABOROU Patricia Eloy