Título: Na véspera de coletiva, Lula critica a imprensa
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 15/05/2007, O País, p. 9

Onde tiver uma fábrica inaugurando, é só me convidar que vou com alegria. Alegria de um Brasil que a gente não lê, não vê na TV".

HORTOLÂNDIA, SP Na véspera da primeira entrevista coletiva de seu segundo mandato - a segunda desde 2003 -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a criticar a imprensa, na inauguração de uma indústria farmacêutica em Hortolândia, interior de São Paulo. Para Lula, os meios de comunicação não mostram o lado positivo do Brasil.

- Normalmente, inauguração de fábrica não é coisa de presidente. Mas onde tiver uma fábrica inaugurando, é só me convidar que vou com muita alegria. Alegria de um Brasil que muitas vezes a gente não lê, a gente não vê na televisão. Mas o Brasil que dá certo está acontecendo por aí - disse Lula, ao inaugurar obras de ampliação da fábrica do laboratório EMS. Antes, ele havia inaugurado fábricas da Siemens, em Jundiaí, e da Dell, em Hortolândia.

No primeiro mandato, Lula deu apenas uma entrevista coletiva. Para responder a críticas de que o presidente não dá entrevista, a Secretaria de Imprensa da Presidência informou que ele respondeu a pelo menos 1.240 perguntas em 255 entrevistas improvisadas - na chegada ou saída de eventos - nos mais de quatro anos de governo. Este ano, foram 43 dos chamados "quebra-queixos" - em alusão a microfones e gravadores rente ao rosto do entrevistado.

Os "quebra-queixos", no entanto, estão com os dias contados. A pedido de Lula, a Secretaria de Imprensa encomendou três prateleiras de acrílico para microfones e gravadores. As prateleiras - usadas no governo FH - são uma antiga reivindicação dos repórteres que acompanham o presidente e, a partir de agora, não precisarão mais se confrontar para pôr seus microfones perto de Lula.

A decisão de reabilitar as prateleiras partiu do próprio presidente, depois de uma experiência bem sucedida em sua última viagem ao Rio.

- Se a sua mãe foi dona de laboratório e eu sou presidente da República é porque a gente pode ter fé e acreditar, de uma maneira mais forte, em conseguir coisas melhores - disse o presidente, se referindo ao presidente da EMS, Carlos Eduardo Sanches (filho do fundador), cuja mãe foi operária.