Título: Dilma: saneamento e habitação atrasados
Autor: Gripp, Alan e Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 15/05/2007, Economia, p. 19

Ministra diz que entre junho e julho todas as obras dos setores estarão licitadas.

Com a presença de dois ministros de estado, começou ontem o XIX Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos no BNDES, com o tema "Chegou a vez do Brasil?", uma discussão sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, repetiu a apresentação feita no início do mês, em Brasília, sobre o andamento do programa. Ela reconheceu que as áreas de saneamento e habitação estão atrasadas, mas que, entre junho e julho, todas as obras estarão licitadas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o PAC não está atrasado e, numa expressão citada várias vezes tanto por Mantega quanto por Dilma, afirmou que "nos últimos 20 anos", o Brasil não investiu em infra-estrutura nem se preocupou em fazer planejamento estratégico, em busca da estabilidade econômica.

- Até o fim do mês encerramos o ciclo de reuniões com os governadores de todos os estados para viabilizar os projetos. Em saneamento e habitação, queremos projetos existentes e robustos, estruturantes, por isso optamos por fazer essas reuniões.

A ministra afirmou que as obras do PAC poderão aquecer o mercado e ter reflexos nos preços. Segundo ela, já se percebe aquecimento nos setores de projetos ambientais e de engenharia. Mas ela vê essa situação como "os bons problemas" que o programa trará:

- Estamos detectando relativo esquentamento no mercado. É um bom momento, mas vamos ter que trabalhar gargalos que a demanda concentrada do PAC terá sobre certos setores da economia. Sabemos disso e estamos enfrentando essa situação com muita tranqüilidade. Nem os preços podem subir tanto, como também temos que zelar pela qualidade.

Segundo Mantega, não há atrasos no PAC, citando a parte macroeconômica como exemplo de sucesso. Para ele, os investimentos em infra-estrutura caminham lentamente até pela falta de costume do Brasil em dar prioridade a essa questão.

- O país desacostumou a investir em infra-estrutura. Precisamos fazer uma transição de uma situação de inércia para uma de crescimento - disse o ministro, comentando que o sucesso do PAC, nos primeiros quatro meses do ano, despertou o "espírito animal dos empresários".

Pacote de desoneração sairá nos próximos dias, diz Mantega

Sobre as hidrelétricas do Rio Madeira, que dependem de licença ambiental, a ministra Dilma afirmou que não pode haver uma solução política:

- A solução política pode resolver um problema, mas não resolve essa relação (entre meio ambiente e energia), que tem de ser permanente e sustentável. No Madeira, estamos procurando uma solução técnica na questão dos sedimentos e da fauna, dos bagres.

Mas a ministra reafirmou que, se as licenças não saírem até o fim do mês, o governo terá que providenciar alternativas:

- Serão usinas térmicas, que são bastante poluentes. Ou então teremos que optar por não crescer.

Por fim, Mantega disse que vai anunciar um pacote de medidas de desoneração fiscal nos próximos dias, mas não disse que setores serão beneficiados.