Título: 2010: petistas vão insistir em indicar candidato da base
Autor: Damé, Luiza e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 16/05/2007, O País, p. 10

"Temos nomes importantes", diz líder do governo na Câmara.

BRASÍLIA. Enquanto aliados comemoraram a declaração do presidente Lula, de que seu sucessor não será necessariamente do PT, os petistas deixam clara a intenção de disputar as eleições presidenciais de 2010. Para os petistas, o discurso de Lula tem como pano de fundo o governo de coalizão. E avisam que lutarão para fazer o seu sucessor.

- Como presidente, Lula quer que cada vez mais se consolide a coalizão, o discurso é correto. Mas, quem conhece bem o PT sabe que ele vai, legitimamente, lutar para que o sucessor de Lula seja do partido. O PT lutou muito tempo para se consolidar enquanto partido, se viabilizar como opção de centro esquerda - - afirmou o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ).

O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), não descarta a possibilidade de o PT analisar uma candidatura de outro partido da base, mas apresenta justificativas para embasar uma candidatura petista:

- O PT foi o mais votado para a Câmara em 2006, tem o presidente e cinco governadores, tem quadros que podem ser candidatos e dar prosseguimento às conquistas do governo Lula.

O vice-líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), diz que o PT tem candidatos fortes, mas não pode se furtar ao diálogo com os demais partidos da coalizão:

- O momento é de consolidar um governo, aprofundar as melhoras para o país, de modo que a opinião do presidente Lula tenha peso na eleição. Temos nomes importantes na base. Hoje, o ex-ministro Ciro Gomes tem todas as condições de suceder Lula. E podemos falar nos nomes do PT, como Tarso Genro, Patrus Ananias, Marta Suplicy, Dilma Rousseff e Jaques Wagner, para citar cinco.

Ciro: "não é o momento de anunciar candidaturas"

O hoje deputado Ciro Gomes (PSB-CE) rebateu:

- Eu posso citar uns 20 nomes. Mas agora não é o momento de anunciar candidatura e sim de reforçar o sucessor do presidente Lula. Até porque o outro lado tem a potencialidade de ser o favorito na disputa, tanto pela qualidade dos quadros, como pela possibilidade de juntar Minas Gerais e São Paulo ( numa referência a uma aliança entre os tucanos Aécio Neves e José Serra).

A tese defendida ontem por Lula encontra respaldo entre os partidos da base aliada, em especial, os mais à esquerda, como PSB e PCdoB.

- A tese dele é correta, mas essa discussão agora é precipitada. Ele uniu a base e quer que ela fique unida na sua sucessão. Só o tempo dirá se ele vai conseguir - disse o governador pernambucano e presidente do PSB, Eduardo Campos.