Título: Câmbio chinês garante salários baixos
Autor: Almeida, Cássia e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 16/05/2007, Economia, p. 26

Governo estuda ampliar benefícios.

PEQUIM. A China é reconhecida pelos baixos custos e pelas péssimas condições de trabalho, mas o governo quer mudar essa reputação e estuda alterar a legislação do país para incluir benefícios não previstos em lei, como indenização mais justa na demissão, férias de 30 dias e descanso remunerados.

Para as empresas, os encargos trabalhistas representam cerca de 57% do salário, segundo Chen Zengjian, gerente de Recursos Humanos da brasileira Embraco no país. No Brasil, o peso é de 65,7%, em média, segundo o especialista Adalberto Cardoso. Mas a China tem uma enorme vantagem competitiva quando se trata de custo trabalhista: seu câmbio controlado garante preços, e salários, muito baixos.

Os trabalhadores têm apenas dez dias de folga, sem adicional de remuneração. Décimo-terceiro não existe. Para os trabalhadores chineses, ser empregado de uma multinacional ou firma de capital misto costuma ser o melhor dos mundos. Os pisos variam entre US$50 e US$75 por mês, ou R$100 a R$150, e ainda estão acima dos salários de Vietnã, Bangladesh, Camboja, Tailândia, Filipinas e Malásia.

¿ A globalização na Ásia pode ser entendida a partir de uma pergunta estratégica das grandes corporações: quem quer trabalhar por menos? ¿ diz Anita Chan, pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisa de Ásia Pacífico da Universidade Nacional da Austrália.

Para ela, a legislação de proteção trabalhista na China melhorou muito nos últimos dez anos, mas a fiscalização é ruim, o que abre espaço para abusos e arbitrariedades.