Título: Uma relação conturbada
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 16/05/2007, O Mundo, p. 30

País especula se novo presidente e mulher têm casamento de fachada.

PARIS. Uma novela conjugal está alimentando a curiosidade dos franceses. Nicolas Sarkozy e sua mulher, Cecília, estão bem casados? Muitos se perguntam por que essa bela mulher de 49 anos ¿ que nos tempos em que ele era ministro era poderosa a ponto de manter escritório ao lado do marido (sem ter cargo oficial) ¿ sumiu. Contam freqüentadores do Ministério do Interior que, muitas vezes, era preciso passar pelo crivo dela para chegar a ele.

A vida dos dois, durante muito tempo, parecia um show televisivo. Mas desde a crise conjugal pública, em 2005, quando a revista ¿Paris Match¿ publicou uma foto dela com um amante em Nova York na capa, a relação do casal, pelo menos diante da mídia, mudou. Cecília não estava ao lado de Sarkozy no domingo passado, no momento em que ele votou... nele mesmo para presidente da República. E os blogs e alguns jornais especularam que ela, simplesmente, não teria ido votar.

Ela também foi a grande ausente nos momentos finais da campanha, o que alimentou rumores nos bastidores de que a reconciliação do casal, em janeiro de 2006, não está sólida. Mas quando os rumores se propagam, ela reaparece. A edição da eleição de Sarkozy da ¿Paris Match¿ é uma seqüência amorosa: na capa, um beijo dela no marido, seguida de uma seqüência de fotos de Sarkozy chamando-a para dançar.

Na França, sempre primou uma tradição: não se investiga, como nos EUA, vida privada de político. E os franceses são orgulhosos de serem diferentes dos americanos nisso. São os blogs, mais do que a grande imprensa, que fazem um carnaval sobre o assunto, às vezes causando reações iradas. Mas o fato é que, por trás da vida do casal, há um problema mais espinhoso: Sarkozy, por conta de sua amizade com os patrões da mídia, estaria pressionando pela censura de sua vida íntima conturbada. Alain Genestar, o editor-chefe da ¿Paris Match¿ que publicou a foto de Cecília com o amante, pagou caro: foi demitido. Desde então, a grande imprensa quase não escreve sobre o assunto. Uma coisa é certa: ela vai ser diferente de Bernadette Chirac, típica primeira-dama com suas reuniões de caridade. Em março de 2005, Cecília declarou:

¿ Não me vejo primeira-dama. Não sou politicamente correta. (D.B.)