Título: País precisa de 8 usinas nucleares
Autor: Ordoñez, Ramona e Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 17/05/2007, Economia, p. 27

Proposta é do Plano de Energia 2030. Para secretário, custo é competitivo

O Brasil vai precisar construir de quatro a oito usinas nucleares, com mil megawatts (MW) de capacidade cada, para atender ao mercado de energia elétrica do país até 2030. A informação foi dada ontem pelo secretário de Desenvolvimento e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, ao destacar que esse número de usinas é necessário, além de Angra 3, e mesmo levando em conta o acréscimo anual de 4 mil MW de energia de origem hidrelétrica.

A necessidade de construir essas usinas nucleares consta do Plano Nacional de Energia 2030, que está em fase final de elaboração e contém o planejamento energético a longo prazo. Segundo Zimmermann, o plano será apresentado na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deve se realizar no fim deste mês ou no início de junho. Nessa reunião, também será discutida a construção de Angra 3.

- A opção nuclear é considerada por ser competitiva em termos de custos e em emissões - destacou Zimmermann, que participou ontem do XIX Fórum Nacional, que termina hoje, no BNDES.

O secretário explicou que o preço médio do megawatt/hora (MW/h) de uma usina nuclear é de R$151,60, contra R$175 o MW/h de uma usina termelétrica a gás natural. O custo de construção de cada uma dessas usinas seria da ordem de US$2 bilhões.

Estudo traz cenários de crescimento moderado

De acordo com Zimmermann, entre os vários cenários que constam do Plano Nacional 2030, dois são os mais prováveis: crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) de 4,1% ao ano, e o consumo de energia crescendo 3,8%. Outro cenário aponta crescimento de 5,1% do PIB e o consumo de energia subindo a uma média de 4,4% ao ano. Todos esses cenários, segundo ele, apontam a necessidade de construção das usinas nucleares.

- O Plano Nacional 2030 é uma retomada de planejamento de longo prazo. E aponta apenas as variáveis e as necessidades de atendimento energético futuro do país. E as nucleares são competitivas - garantiu Zimmermann.

O governo brasileiro volta a planejar a construção de oito usinas nucleares 32 anos depois de ter previsto o mesmo número de instalações. Em 1975, o acordo nuclear Brasil-Alemanha previa oito usinas, das quais foi lançada apenas Angra 2. Angra 1 foi comprada da americana Westinghouse. (Ramona Ordoñez)