Título: Para ministros, PAC não será afetado
Autor: Franco, Ilimar e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 18/05/2007, O País, p. 4

Ação sinaliza que impunidade não existe", afirma Dilma Rousseff

BRASÍLIA. Ministros defenderam a Operação Navalha e afirmaram que as denúncias não afetarão o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), coordenadora do PAC, disse que operações desse tipo podem diminuir as possibilidades de corrupção.

- O que essa ação da Polícia Federal faz é sinalizar que a impunidade não existe. E que, portanto, a pessoa tem que pensar duas vezes ao pretender isso. Então, nessa medida, acho que diminui muito o risco de isso se repetir - disse ela, à TV Globo.

Depois de participar da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que o governo não está preocupado com o fato de obras incluídas no PAC serem alvo da quadrilha. Para Walfrido, a ação da Polícia Federal mostra que o governo está trabalhando para desarticular esses grupos criminosos.

- Preocuparia exatamente o oposto: a gente não ter competência para poder fazer a busca, apreensão e a procura das pessoas que não estão agindo com a postura e o comportamento desejado por todos nós - disse.

Segundo Walfrido, esse tipo de ação demonstra que instituições de fiscalização e de controle da atuação do poder público, como a Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público e a Polícia Federal, estão funcionando. O ministro negou ainda que o envolvimento de servidores públicos e políticos no esquema de fraude ameace o PAC. Walfrido disse que o governo vem fiscalizando com rigor e escolhendo com cautela funcionários para a máquina pública. Ele disse, no entanto, que não há como evitar que pessoas com bom currículo, como o assessor especial do Ministério de Minas e Energia Ivo Almeida Costa, preso pela PF, sejam nomeados para cargos no governo. O ministro pediu cautela, porque ninguém deve ser condenado a priori.

- Há uma preocupação enorme (com a fiscalização). Hoje ninguém assume um cargo de primeiro, segundo, terceiro e quarto escalão, de DAS 4 para cima, sem que haja uma pesquisa, além da análise do currículo. Isso é uma rotina. Acontece há muito tempo, mas você não tem como prever que uma pessoa que tenha bom desempenho, bom currículo, não possa cometer um ilícito - afirmou.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, se disse satisfeito com a operação:

- Estamos contentes. A PF vai continuar investigando. Certamente outras operações virão, e os efeitos são positivos para o Estado brasileiro porque não vão mais contabilizar propina na construção de obras públicas.