Título: Prefeito coordenou campanha de Alckmin
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 18/05/2007, O País, p. 10

Tucano preso anunciou que iria ao BNDES liberar recursos para obra sob suspeita.

CUIABÁ. Um dos presos durante a Operação Navalha em Mato Grosso, o prefeito de Sinop, Nilson Leitão (PSDB), foi coordenador estadual da campanha do tucano Geraldo Alckmin na eleição presidencial no ano passado. Ele está em seu segundo mandato. A prisão causou surpresa e indignação entre os tucanos do estado.

Em Sinop, o consórcio Xingu, do qual fazia parte a empresa baiana Gautama, venceu uma licitação para executar um projeto de saneamento básico em 40% das casas do município, que tem 74,8 mil habitantes, conforme o Censo de 2000. Leitão anunciou esta semana em Sinop que iria no dia 23 de maio à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro, assinar o contrato para a liberação dos R$40 milhões previstos para dar início à obra.

Ex-secretário da prefeitura também foi preso

O prefeito foi preso por volta das 6h da manhã em sua casa, no bairro Jardim Maringá, o mais nobre da cidade. De acordo com a superintendência da Polícia Federal em Cuiabá, 15 agentes realizaram a prisão do prefeito. Ainda pela manhã, ele foi levado de carro para Cuiabá, que fica a 500 quilômetros de Sinop. No final da tarde, seguiu para Brasília em um avião da PF.

Leitão não é a única autoridade de Sinop presa na operação da PF ontem. O ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Jair Pessine, que deixou a administração municipal em dezembro, também foi preso no Maranhão.

O projeto de saneamento é a principal obra da atual administração. A captação de financiamento no BNDES foi aprovada pela Câmara Municipal no final de 2005. Desde então, o prefeito negocia a liberação dos recursos para iniciar o projeto.

O procurador jurídico do município, Astor Reiheimer, reclamou da ação da Polícia Federal, que não deu acesso ao mandado de prisão nem aos autos da ação contra o prefeito. No final da tarde, o advogado Marcelo Segura, que defende o prefeito, esteve no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, que atende os vôos de Cuiabá, para acompanhar o embarque do prefeito para a PF em Brasília, onde ficará preso. Segura disse apenas que não iria fazer nenhum pronunciamento enquanto não tivesse acesso aos autos e pudesse se informar das acusações contra o prefeito.