Título: Risco-Brasil bate recorde e moeda americana cai pelo 5º dia seguido
Autor: Eloy, Patricia
Fonte: O Globo, 18/05/2007, Economia, p. 26

DÓLAR VAI À LONA: Leilão do Banco Central no mercado à vista não surtiu efeito.

Taxa recua 2,72% e fica em 143 pontos. Dólar encerra cotado a R$1,953.

RIO e SÃO PAULO. A revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P), anteontem, levou o risco-Brasil - termômetro da confiança dos investidores estrangeiros no país - a um novo recorde histórico. O indicador recuou 2,72% ontem, para 143 pontos centesimais, mínima do dia e menor valor desde que começou a ser calculado pelo banco JP Morgan, há 13 anos.

A queda no endividamento público, a perspectiva de um crescimento sustentado a taxas mais elevadas que as dos últimos anos e os altos juros pagos no país têm garantido o bom humor dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil. Essa melhor avaliação tem gerado um forte fluxo de entrada de dólares no mercado de câmbio brasileiro, fazendo as cotações cederem, apesar dos leilões de compra de moeda pelo Banco Central (BC).

Ontem, a autoridade monetária comprou mais de US$1 bilhão no mercado à vista, a uma cotação mais alta (R$1,9552) do que a que era negociada no momento (R$1,9550). Ainda assim, o dólar caiu pelo quinto dia consecutivo (0,05%), cotado a R$1,953.

Pela manhã, a moeda chegou a subir 0,70%, corrigindo parte das perdas dos últimos dias - de 3,22% -, mas não sustentou o movimento diante da enxurrada de recursos que entraram no país. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também oscilou fortemente. Chegou a cair cerca de 0,70% pela manhã, subiu quase 0,40% à tarde (para um novo recorde histórico), mas não resistiu: acabou encerrando os negócios em queda de 0,21%, acompanhando a correção das bolsas americanas. O índice S&P 500 caiu 0,09% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 0,32%.

S&P melhora a nota de risco de oito bancos brasileiros

Um dia após revisar a nota do Brasil, a S&P melhorou ontem a avaliação de oito bancos brasileiros. Três - Bradesco, Itaú e Itaú BBA - receberam a nota "BBB-" em moeda estrangeira, conseguindo o cobiçado grau de investimento. A S&P deixou os três com perspectiva positiva, ou seja, a nota pode ser elevada num prazo de 12 a 24 meses. Com isso, as ações do Bradesco e do Itaú subiram 1,24% e 1,58%, respectivamente.

Já Unibanco, Citibank, Santander e HSBC foram elevados de "BB" para "BB+", um nível abaixo do grau de investimento, com perspectiva positiva. O Banco Votorantim passou de "BB" para "BB+", mas com perspectiva estável. Segundo Daniel Araujo, analista de crédito da S&P, os bancos se beneficiaram da redução na vulnerabilidade fiscal e externa do país.

COLABOROU: Aguinaldo Novo