Título: Ampliação da Câmara custará R$108 milhões
Autor: Lima, Maria e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 20/05/2007, O País, p. 11

Aumento do quadro e pressão de parlamentares por gabinetes maiores põem Anexo V na lista de prioridades.

BRASÍLIA. A crescente burocracia parlamentar e o inchaço no número de funcionários vão levar à construção de um novo prédio para a Câmara. Está pronto para ser executado este ano o projeto do Anexo V, uma obra de 40.775 mil metros quadrados, 108 novos gabinetes e com garagens para mais de 1.200 carros, a um custo estimado de R$108 milhões.

Embora o número de parlamentares seja o mesmo desde 1988, quando a Constituição aumentou o total de deputados de 457 para 513, de lá para cá cresceu o contingente de funcionários: só o número de secretários parlamentares, contratados sem concurso, com a verba de gabinete, cresceu 130,2% de 1988 até 2006. Há 19 anos, eram cerca de 4.550. Em 2006, já eram 10.476. O quadro efetivo, de concursados, permanece na média de 3.500 servidores, além dos 1.080 lotados nos Cargos de Natureza Especial (CNEs), também não concursados.

O Anexo V entrou na lista dos projetos prioritários da Câmara por pressão dos próprios deputados. O projeto de reordenamento do espaço físico prevê também obras no prédio principal para reacomodar as lideranças dos partidos e a reforma de 18 prédios que abrigam 420 apartamentos funcionais, que deverá custar R$144 milhões.

Nas reuniões da Mesa, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), tem afirmado que quer assumir para si o anúncio do pacote e tem relatado a pressão de líderes pela mudança dos gabinetes para espaços maiores. Mas a pressão maior é dos petistas. A liderança do partido fica no subsolo, no mesmo espaço de quando era uma das menores bancadas. Além disso, grande parte dos petistas ocupa gabinetes do Anexo III, os menores e sem banheiro privativo. Para o novo prédio irão os 80 deputados do Anexo III.

- Aqui é muito pequeno. Queremos fazer uma reforma nesse latifúndio - disse o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ).

- O Anexo III ficou uma coisa acanhada, sem banheiro. Há muitas reclamações. Há deputado que têm recomendação médica para ter gabinete com banheiro - justifica o primeiro-secretário da Câmara, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Niemeyer, que fez outro projeto, não foi consultado

O projeto do novo prédio, do arquiteto da Câmara Élcio Gomes, também inclui no último andar um terraço com restaurantes e jardins. O térreo teria uma área de serviço para os parlamentares, com lojas de companhias aéreas e agências bancárias. O arquiteto Oscar Niemeyer ainda não foi consultado. Ele havia projetado uma alternativa para a ampliação da Câmara: a duplicação do Anexo IV. Mas a obra custaria quase o dobro do preço: R$203 milhões.

COLABOROU Adriana Vasconcelos