Título: Acordo está mais próximo, afirma Celso Amorim
Autor: Oliveira, Eliane e Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 20/05/2007, Economia, p. 31

Novo encontro deve ocorrer no Rio, para aprofundar discussão.

BRASÍLIA e BRUXELAS. O próximo passo da delicada Rodada de Doha será dado em uma reunião ministerial, provavelmente no Rio, entre ministros dos principais países e blocos associados à OMC. A decisão foi tomada na última quinta-feira, em Bruxelas, pelos chanceleres e ministros de Comércio do G-4, formado por Brasil, EUA, Índia e União Européia. Para o governo brasileiro, um dado positivo é que, na reunião do G-4, houve consenso de que os países devem se reunir mais e aprofundar as discussões, para evitar novos atrasos.

Para o chanceler Celso Amorim, é possível chegar a um acordo, porque há um esforço de aproximação dos países.

- Estamos certamente mais perto (de um acordo) do que em qualquer outro momento dentro desta negociação. Não é o ideal e não sei se vamos chegar ao ideal. Mas estamos perto - afirma Amorim.

Para especialistas e fontes do governo, é a última chance para um acordo na OMC: em junho termina o mandato que permite ao Executivo americano assumir compromissos na Rodada de Doha. E, se o mandato for renovado, será por um Congresso com maioria democrata, ou seja, a autorização viria com cláusulas sociais, trabalhistas e ambientais que seriam desculpa para o protecionismo, o que dá arrepios a países em desenvolvimento, como o Brasil.

O segundo semestre também está comprometido devido às eleições americanas, em 2008. Nenhum candidato à Presidência dos EUA, em sã consciência, anunciará cortes de subsídios e abertura de mercado sem arrancar a ira de eleitores da indústria e da agricultura.

Além da reunião ministerial, o presidente Lula se movimenta em outras frentes para conseguir um compromisso político dos principais líderes mundiais: ele vai à Índia para defender uma posição mais flexível do país em relação à redução dos subsídios à agricultura. (E.O. e V.O.)