Título: Projeto deverá ser financiado por bancos
Autor: Moreno, Jorge Bastos e Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 20/05/2007, Economia, p. 33

Edital de licitação para as obras será divulgado em agosto.

BRASÍLIA. A construção do primeiro Trem-Bala Brasileiro (TBB) deve ser financiada com recursos de grandes bancos nacionais e estrangeiros. O projeto elaborado pela Valec informa que oito instituições financeiras de grande porte já analisaram os estudos de viabilidade técnica e financeira e demonstraram interesse no empreendimento. Entre eles, está o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

As outras instituições financeiras interessadas no projeto são o suíço UBS, o francês BNP Paribas, o alemão HSC NordBank e os italianos OPI Bank e MMC Capitalia Bank Group.

O próximo passo para viabilizar o projeto é a publicação de uma portaria assinada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, autorizando o processo licitatório. Segundo o cronograma da obra proposto pela Valec, a publicação do edital de licitação está prevista para agosto, a assinatura do contrato deve acontecer no fim deste ano e o início das obras ficaria para o primeiro semestre de 2008.

Antes da publicação do edital, a Valec pretende fazer uma audiência pública para esclarecer as dúvidas dos investidores potenciais. Segundo determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o edital só poderá ser publicado depois de expedida a licença prévia ambiental pelo Ibama.

Primeira iniciativa surgiu há 40 anos

Se realmente sair do papel, o projeto do primeiro Trem-Bala Brasileiro será viabilizado depois de quase 40 anos da primeira iniciativa neste sentido. Em 1968, técnicos japoneses elaboraram estudos de viabilidade para a modernização da malha ferroviária brasileira. Em 1970, o Instituto de Pesquisas da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), de São Bernardo do Campo, projetou um trem aerodinâmico leve para alta velocidade, o Talav, que atingiria 300 Km/h. Mas o projeto esbarrou nas dificuldades financeiras da RFFSA, a estatal que à época comandava o setor.

A linha de alta velocidade entre Rio e São Paulo será, na maior parte do trajeto, subterrânea. O trem deve percorrer os 403 quilômetros em uma velocidade estimada de 265 Km/h - embora atinja velocidade ainda maior.

Segundo os estudos técnicos, a população atendida está em torno de 50,5 milhões de pessoas - incluindo as duas maiores cidades do país e suas regiões metropolitanas -, e a demanda de passageiros chega a 32,6 milhões por ano.

A empresa ou consórcio que vencer a licitação firmará um contrato de concessão de 42 anos, sendo sete anos para a construção da linha e 35 anos para operá-la. (Jorge Bastos Moreno e Regina Alvarez)