Título: Amplo apoio a governo de Evo Morales
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Fonte: O Globo, 20/05/2007, O Mundo, p. 35

Do El Mercurio

LA PAZ. O Hotel Ritz de La Paz atualmente é chamado de centro de operações da Venezuela na Bolívia. E isso não ocorre apenas porque o presidente Hugo Chávez o escolheu para se hospedar em suas últimas visitas ao país. É também porque ali mora grande parte dos enviados de Caracas a La Paz, que ali chegam para dar apoio ao governo de Evo Morales - ajuda essa que atravessa toda a sociedade boliviana e que contempla vários objetivos políticos.

O apoio venezuelano à Bolívia tem como eixo central os meios de comunicação. Há alguns meses, a Venezuela adquiriu o semanário boliviano gratuito "La Época". Além disso, começou a assessorar tecnicamente o único canal de TV estatal do país, o Canal 7. Segundo fontes, Caracas está injetando US$2 milhões na estação para melhorar a transmissão e os programas.

Como parte de um acordo, a Venezuela fornecerá recursos à Bolívia para rádios e TVs comunitárias - uma estratégia para fazer chegar mensagens políticas aos setores mais pobres da nação. O plano, que já começou com a instalação de dez rádios comunitárias no interior, pretende chegar a cem emissoras em 2008, dizem fontes.

A influência da Venezuela vai mais longe. Como reconhece Antonio Peredo, deputado do MAS, o governo Hugo Chávez está ajudando La Paz a reconstruir a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) através da estatal venezuelana PDVSA. Assessorou ainda e financiou a renegociação boliviana dos contratos com empresas privadas na nacionalização dos hidrocarbonetos. Isso foi reconhecido pelo próprio presidente da YPFB, Manuel Morales Olivera, que afirmou que "as remunerações dos assessores internacionais não custaram um centavo à YPFB, e sim à PDVSA".

A Venezuela se comprometeu a fornecer apoio financeiro para cobrir a brecha orçamentária boliviana com a compra de bônus do Tesouro por US$100 milhões em dois anos. A iniciativa está dentro de oito acordos de cooperação assinados no ano passado, dos quais apenas um - o militar - foi divulgado.

Nas últimas semanas, decidiu dar apoio direto a Evo Morales para ajudar na implantação da Assembléia Constituinte, com os polêmicos US$30 milhões que deu à Bolívia.

- O objetivo é evitar que se produza a ameaça de dividir o país - afirma Peredo, para quem os recursos ajudarão a frear o processo de autonomia em regiões bolivianas.

Um acordo de cooperação militar estabelece ajuda na construção de bases, entrega de material bélico e permite a entrada de tropas venezuelanas na Bolívia em caso de crise.